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BIOTECNOLOGIA
Empresa ligada aos raelianos não forneceu evidências do feito
Seita anuncia seu segundo "clone"
DA REDAÇÃO
Um segundo bebê clonado teria
nascido na noite de sexta-feira
num país no norte da Europa, informou ontem a diretora da empresa Clonaid e "bispa" da seita
dos raelianos, Brigitte Boisselier,
sem fornecer provas.
"Um segundo bebê nasceu ontem. É uma menina. Está muito
bem", declarou Boisselier à agência de notícias "France Presse"
por telefone. O bebê teria nascido
às 22h, com 2,7 kg, de parto normal, e será criado por um casal de
lésbicas holandesas. Seria uma
cópia genética de uma delas.
Boisselier não precisou o local
do nascimento, mas disse que não
deveria haver muitos bebês nascidos às 22h de sexta-feira no norte
da Europa.
O anúncio acontece num momento em que a credibilidade de
Boisselier já está em xeque. Até
agora, a química francesa não ofereceu evidências científicas de que
o primeiro suposto bebê clonado
fabricado pela Clonaid, a menina
Eva, é de fato um clone.
Em 27 de dezembro, a Clonaid
anunciou o nascimento de Eva,
prometendo uma confirmação
por um "especialista independente" por meio de teste de DNA em
uma semana.
O teste, que deveria ter sido realizado na última terça-feira, não o
foi -e talvez não venha a ser. O líder da seita Movimento Raeliano,
o ex-jornalista francês Claude Vorilhon, ou Raël, pediu a Boisselier
que não autorizasse o exame.
Segundo Vorilhon, o pedido para não prosseguir com os testes de
DNA no primeiro clone foi motivado por uma petição apresentada por um advogado do Estado
americano da Flórida para que a
tutela de Eva seja retirada de seus
pais e passe ao Estado.
Tanto Raël quanto Boisselier e
os pais da criança foram chamados para uma audiência no dia 22
num tribunal da Flórida -Estado
americano no qual o anúncio da
suposta clonagem foi feito- a
fim de tratar da questão da tutela,
afirmou o responsável pela petição, o advogado Bertrand Siegel.
Segundo Siegel, o bebê, que teria nascido no dia 26 de cesárea
num local não revelado pela Clonaid, está sendo explorado midiática e comercialmente e poderia
ter problemas genéticos graves.
Ele pede que a Justiça ordene um
exame médico na menina e que
ela seja posta sob tutela judicial.
"A má notícia é que há dois dias
um juiz da Flórida assinou um papel que diz que o bebê Eva deveria
ser retirado de sua família, de sua
mãe", explicou Raël à rede de TV
norte-americana CNN.
"A doutora Boisselier estava a
ponto de iniciar os exames de
DNA com [o jornalista americano" Michael Guillen para demonstrar ao mundo que [a clonagem" é verdade. Liguei imediatamente para ela e disse: "Se fosse
você, não faria exame nenhum"."
Na última quinta-feira, em entrevista à rede de TV francesa
France-2, Boisselier afirmou que
os pais da criança estavam com
medo do exame de DNA, porque
queriam permanecer anônimos e
temiam perder a guarda do bebê.
Eles teriam pedido 48 horas para
decidir se autorizavam o teste.
Problemas
As notícias de clones da Clonaid, empresa fundada por Raël e
dirigida por Boisselier, têm sido
recebidas com preocupação e ceticismo. Cientistas do mundo inteiro duvidam que Boisselier e sua
equipe tenham competência técnica para produzir uma cópia humana -afinal, nenhum primata,
grupo ao qual pertence o home,
foi clonado até hoje com sucesso,
apesar de a técnica ser conceitualmente simples.
Além disso, eles são quase unânimes em condenar a clonagem
humana para fins reprodutivos
devido a diversos problemas com
o indivíduo gerado, que vão desde
abortos espontâneos em fases
adiantadas da gestação até doenças genéticas no ser produzido,
como obesidade, envelhecimento
precoce e artrite.
Para Ian Wilmut, cientista escocês que criou a ovelha Dolly, em
1996, não existem clones normais
de mamífero.
Para a religião raeliana, no entanto, a clonagem é uma espécie
de dogma central. Seu líder, Raël,
acredita que a vida na Terra foi
criada por extraterrestres e que os
seres humanos são clones dessas
criaturas -e conseguirão a vida
eterna por meio da clonagem.
Com agências internacionais
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