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São Paulo, quarta-feira, 05 de fevereiro de 2003

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PARAGUAI

Ex-general distribuiu cartas a seus partidários

Oviedo desafia o Itamaraty e faz encontro político em Foz do Iguaçu

ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO

O ex-general paraguaio Lino Oviedo, exilado no Brasil, pediu no último domingo, em uma reunião com partidários em Foz do Iguaçu, votos para seu candidato à Presidência, Guillermo Sánchez Guffanti, nas eleições de 27 de abril. Proibido pelo Itamaraty de participar de atos políticos no Brasil, Oviedo nega que a reunião tivesse caráter político.
Segundo a agência de propaganda contratada para fazer a campanha de Sánchez Guffanti, a reunião, num clube de Foz do Iguaçu, era a festa de aniversário de 1 ano de uma neta de Oviedo, com a presença de familiares e amigos paraguaios e brasileiros.
Após ser acusado, em julho do ano passado, de ter organizado, do Brasil, manifestações contra o governo paraguaio, Oviedo foi advertido pela Polícia Federal de que poderia ser expulso do país caso participasse de reuniões políticas. Oviedo, que teve um pedido de extradição ao Paraguai negado pelo Supremo Tribunal Federal, permanece legalmente no Brasil com um visto de estudante.
Em uma carta assinada pelo ex-general e distribuída aos presentes na reunião de domingo, ele diz ter sido impedido "pelo braço pesado da Justiça" de se candidatar e pede votos a Sánchez Guffanti. "Queridos amigos: votem em Guillermo e, assim, poderei voltar aos braços deste povo que levo em meu coração", diz a carta.
A estratégia de Oviedo é expressa no slogan presente na carta: "Guillermo ganha. Lino Presidente". A intenção é que, numa eventual vitória de Sánchez, ele anistie Oviedo e permita seu retorno ao Paraguai. Oviedo não pode voltar ao país por causa de uma condenação pendente à prisão por uma tentativa de golpe de Estado em 1996. Ele também é acusado de cumplicidade no assassinato do então vice-presidente Luis María Argaña, em 1999.
Em seu site na internet, Oviedo nega ter tentado um golpe em 1996 e afirma que Argaña não foi assassinado, mas morreu de causa natural, e que uma cena de assassinato foi montada para ser usada politicamente.
Consultado pela Folha, o delegado-chefe da PF em Foz do Iguaçu, Joaquim Mesquita, disse não ter recebido nenhuma denúncia sobre a reunião de domingo. Segundo ele, Oviedo é livre para realizar reuniões privadas, mas pode enfrentar um processo de expulsão "se surgirem notícias de que ele fez uma reunião política".


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