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São Paulo, quarta-feira, 05 de fevereiro de 2003

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VENEZUELA

Quatro ficam feridos em ataque à sede do governo de Caracas após comemoração de 11 anos do levante liderado por Chávez

Chavistas atacam prefeitura após ato pró-golpe de 1992

DA REDAÇÃO

Quatro pessoas ficaram feridas ontem em Caracas quando simpatizantes do presidente Hugo Chávez dispararam tiros e jogaram pedras na sede da prefeitura metropolitana. O ataque, que visava o prefeito Alfredo Peña, adversário político de Chávez, aconteceu logo após a realização de um ato, em uma praça próxima, em comemoração aos 11 anos da tentativa de golpe de Estado de fevereiro de 1992, liderada pelo atual presidente, então coronel pára-quedista.
Após o final do ato, que teve a presença do vice-presidente, José Vicente Rangel, cerca de 20 chavistas atacaram o prédio. Peña não estava no local. Três policiais e um civil ficaram feridos, e a Guarda Nacional disparou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.
Em declarações feitas em um outro ato comemorativo, Chávez exaltou o golpe liderado por ele e criticou o que o tirou do poder por dois dias, em abril.
"São duas situações históricas totalmente diferentes", disse Chávez. "Os golpistas de 2002 não têm bandeiras, os rebeldes de 1992 temos bandeiras; os golpistas de 2002 não têm moral, os rebeldes de 1992 teremos moral para sempre; os golpistas de 2002 são inimigos da pátria, os rebeldes de 1992 somos patriotas que defendemos sempre a soberania, a independência e a liberdade da pátria", afirmou.
Chávez, que ficou dois anos preso pela tentativa de golpe e foi eleito presidente em 1998, alega que o governo do então presidente Carlos Andrés Pérez era "ilegítimo" por estar envolvido em corrupção. Andrés Pérez sofreu um impeachment em 1994.
A oposição também pretendia realizar uma manifestação ontem à noite, em protesto contra o golpe de 1992. As manifestações opostas indicam que o fim parcial da greve geral iniciada no dia 2 de dezembro não serviu para reduzir as divisões e a tensão entre o governo e a oposição.
Os trabalhadores de todos os setores, exceto o petrolífero, voltaram ao trabalho anteontem. Segundo os líderes opositores, o fim parcial da greve foi um "gesto de boa vontade" para permitir uma solução à crise na mesa de diálogo com o governo.
A oposição havia iniciado a greve para forçar Chávez a permitir um referendo sobre o seu mandato, renunciar ou convocar eleições antecipadas. Chávez, cujo mandato vence em 2007, diz que não renuncia e que só aceita um referendo a partir de agosto, como prevê a Constituição.
A oposição iniciou no domingo a coleta de assinaturas para um abaixo-assinado pedindo a convocação de uma Assembléia Constituinte ou a aprovação de uma emenda constitucional para encurtar o mandato de Chávez. A oposição diz já ter mais de 4 milhões de assinaturas, mas o governo contesta esses dados.
O encurtamento do mandato de Chávez havia sido sugerido há duas semanas pelo ex-presidente americano Jimmy Carter (1977-1981), que tenta mediar um acordo entre o governo e a oposição.
Mas o governador do Estado Táchira, Ronald Blanco de la Cruz, um dos negociadores do governo na mesa de diálogo, rejeitou ontem a proposta de encurtar o mandato de Chávez e sugeriu a realização de um referendo para revogar seu mandato em agosto.


Com agências internacionais


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