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ELEIÇÕES NOS EUA
Pré-candidato que lidera as prévias democratas ignora rivais de partido e polariza com presidente republicano
Favorito, Kerry concentra ataques em Bush
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O pré-candidato democrata
John Kerry, vencedor de sete das
nove prévias eleitorais já realizadas por seu partido, incorporou
um discurso agressivo contra
George W. Bush a fim de consolidar seu favoritismo à vaga de adversário do presidente dos EUA
na eleição de novembro.
"Competiremos em todos os lugares para tirar, de uma vez por
todas, Bush e seus amigos poderosos da Casa Branca", disse
Kerry, procurando acentuar a
imagem de que é o político democrata com mais chances de derrotar o presidente republicano.
Kerry, senador por Massachusetts, vem polarizando os votos
"anti-Bush" dos eleitores democratas e foi o grande vencedor da
rodada de prévias em sete Estados, anteontem. Levou cinco:
Missouri, Arizona, Delaware, Dakota do Norte e Novo México.
Na Carolina do Sul e em Oklahoma, onde venceram o senador
John Edwards (Carolina do Norte) e o general reformado Wesley
Clark, respectivamente, Kerry ficou em segundo e em terceiro,
posições que lhe garantiram a
conquista de delegados.
Já tendo vencido em Iowa e em
New Hampshire (Estado vizinho
de Massachusetts), Kerry mostrou anteontem que sua candidatura tem envergadura nacional e é
capaz de angariar votos entre
brancos, negros e latinos.
Com as vitórias recentes, Kerry
lidera de longe, com 244 delegados a seu favor, a disputa pela indicação do Partido Democrata,
que ocorrerá em julho.
Para ser indicado, são necessários os votos de 2.162 dos 4.322
delegados do partido. E Kerry tem
hoje mais delegados do que o segundo (Howard Dean) e o terceiro (John Edwards) colocados na
corrida somados.
A vitória de anteontem afunilou
a disputa no campo democrata
em torno de quatro nomes: Kerry,
Edwards, Dean e Clark.
O quinto pré-candidato com alguma possibilidade, Joe Lieberman, desistiu anteontem. Os outros postulantes -Al Sharpton e
Dennis Kucinich- não têm nenhuma chance.
Embora Howard Dean tenha tido péssimas atuações até o momento, o candidato seguirá na
disputa pelo menos até a "superterça", em 2 de março, quando
dez Estados votam para escolher
mais de mil delegados.
Dean, que promete uma "virada" nas prévias de sábado em Michigan e no Estado de Washington, conta com o apoio dos chamados "superdelegados" para
sustentar sua candidatura até lá.
Para John Edwards, que concentrou todo o seu dinheiro e a
sua energia na Carolina do Sul,
onde venceu, resta agora o desafio
de se viabilizar nacionalmente.
Edwards é dono do chamado
"discurso mais positivo" na atual
campanha. Mas, para manter-se à
tona, terá de partir para o ataque
contra Kerry e colocar em risco a
perspectiva de, no caso de não se
viabilizar, vir a ser escolhido candidato a vice na chapa democrata.
Seus próximos passos estão sendo dados em direção ao Tennessee e à Virgínia, vizinhos da Carolina do Norte -por onde Edwards é senador- e que realizam
prévias na semana que vem.
Para Clark, que teve a sua primeira (e apertada) vitória política
da vida em Oklahoma, haverá futuro se houver dinheiro, o que
não tem sido uma constante em
sua campanha. Também está
concentrado na Virgínia e no
Tennessee e, dependendo dos resultados, poderá desistir.
Entre os quatro candidatos,
Kerry foi o único que rodou e veiculou anúncios de TV pagos nos
sete Estados que votaram anteontem. No dia da vitória, o senador
já tinha passado por Michigan e
estava à noite em Washington (na
Costa Oeste), preparando o terreno para a prévia de sábado.
"Eu vou a todos os lugares que
puder. É como ganhei até aqui e
como continuarei ganhando",
afirmou Kerry.
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