São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2004

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ELEIÇÕES NOS EUA

Pré-candidato que lidera as prévias democratas ignora rivais de partido e polariza com presidente republicano

Favorito, Kerry concentra ataques em Bush

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O pré-candidato democrata John Kerry, vencedor de sete das nove prévias eleitorais já realizadas por seu partido, incorporou um discurso agressivo contra George W. Bush a fim de consolidar seu favoritismo à vaga de adversário do presidente dos EUA na eleição de novembro.
"Competiremos em todos os lugares para tirar, de uma vez por todas, Bush e seus amigos poderosos da Casa Branca", disse Kerry, procurando acentuar a imagem de que é o político democrata com mais chances de derrotar o presidente republicano.
Kerry, senador por Massachusetts, vem polarizando os votos "anti-Bush" dos eleitores democratas e foi o grande vencedor da rodada de prévias em sete Estados, anteontem. Levou cinco: Missouri, Arizona, Delaware, Dakota do Norte e Novo México.
Na Carolina do Sul e em Oklahoma, onde venceram o senador John Edwards (Carolina do Norte) e o general reformado Wesley Clark, respectivamente, Kerry ficou em segundo e em terceiro, posições que lhe garantiram a conquista de delegados.
Já tendo vencido em Iowa e em New Hampshire (Estado vizinho de Massachusetts), Kerry mostrou anteontem que sua candidatura tem envergadura nacional e é capaz de angariar votos entre brancos, negros e latinos.
Com as vitórias recentes, Kerry lidera de longe, com 244 delegados a seu favor, a disputa pela indicação do Partido Democrata, que ocorrerá em julho.
Para ser indicado, são necessários os votos de 2.162 dos 4.322 delegados do partido. E Kerry tem hoje mais delegados do que o segundo (Howard Dean) e o terceiro (John Edwards) colocados na corrida somados.
A vitória de anteontem afunilou a disputa no campo democrata em torno de quatro nomes: Kerry, Edwards, Dean e Clark.
O quinto pré-candidato com alguma possibilidade, Joe Lieberman, desistiu anteontem. Os outros postulantes -Al Sharpton e Dennis Kucinich- não têm nenhuma chance.
Embora Howard Dean tenha tido péssimas atuações até o momento, o candidato seguirá na disputa pelo menos até a "superterça", em 2 de março, quando dez Estados votam para escolher mais de mil delegados.
Dean, que promete uma "virada" nas prévias de sábado em Michigan e no Estado de Washington, conta com o apoio dos chamados "superdelegados" para sustentar sua candidatura até lá.
Para John Edwards, que concentrou todo o seu dinheiro e a sua energia na Carolina do Sul, onde venceu, resta agora o desafio de se viabilizar nacionalmente.
Edwards é dono do chamado "discurso mais positivo" na atual campanha. Mas, para manter-se à tona, terá de partir para o ataque contra Kerry e colocar em risco a perspectiva de, no caso de não se viabilizar, vir a ser escolhido candidato a vice na chapa democrata.
Seus próximos passos estão sendo dados em direção ao Tennessee e à Virgínia, vizinhos da Carolina do Norte -por onde Edwards é senador- e que realizam prévias na semana que vem.
Para Clark, que teve a sua primeira (e apertada) vitória política da vida em Oklahoma, haverá futuro se houver dinheiro, o que não tem sido uma constante em sua campanha. Também está concentrado na Virgínia e no Tennessee e, dependendo dos resultados, poderá desistir.
Entre os quatro candidatos, Kerry foi o único que rodou e veiculou anúncios de TV pagos nos sete Estados que votaram anteontem. No dia da vitória, o senador já tinha passado por Michigan e estava à noite em Washington (na Costa Oeste), preparando o terreno para a prévia de sábado.
"Eu vou a todos os lugares que puder. É como ganhei até aqui e como continuarei ganhando", afirmou Kerry.


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