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ANÁLISE
Edwards dá alento à disputa
TODD S. PURDUM
DO "NEW YORK TIMES"
John Edwards manteve viva a
disputa pela indicação do Partido
Democrata anteontem ao vencer
em seu Estado natal (Carolina do
Sul) e assim garantir para si -e
talvez para Howard Dean- uma
última chance de forçar John
Kerry a uma grande luta, entre
dois ou três competidores, por
delegados nas várias primárias
que vão dominar o próximo mês.
Não vai ser fácil. Pela terceira
vez consecutiva, Kerry saiu-se
muito melhor do que seus rivais,
conquistando vitórias mais significativas no Missouri, um Estado
que será decisivo em novembro, e
no Arizona, onde teve um forte
desempenho entre os latinos
-um eleitorado importante. Nos
tempos modernos, nenhum candidato venceu tantos testes iniciais e perdeu a indicação.
Edwards, e em grau menor
Dean e o general da reserva Wesley Clark, tem cada vez menos
chances para se apresentar como
alternativa não apenas viável como também superior a Kerry.
O general Clark, que tinha esperanças de ir bem na Carolina do
Sul, chegou em quarto lá. Mas
conseguiu quase o mesmo número de delegados em Oklahoma
que Edwards e assim pode, também, afirmar que tem apoio suficiente para continuar lutando.
Agora que a corrida entrou na
fase nacional, todos os candidatos, incluindo Kerry, se defrontam com desafios distintos.
Os melhores desempenhos de
Edwards aconteceram em Iowa e
Carolina do Sul, onde gastou meses e dinheiro para se apresentar
aos eleitores e conquistá-los com
sua incansável mensagem otimista. Mas até agora ele evitou grandes Estados que decidem o resultado das eleições presidenciais
-Missouri anteontem e Michigan nesta semana. Embora tenha
prometido combater em Michigan, Edwards deposita suas esperanças no Tennessee e na Virgínia, na próxima terça-feira.
Para ameaçar seriamente Kerry,
Edwards precisará se mover com
mais rapidez e decisão para se distinguir como o novo rosto, e também como alguém qualificado
para a Presidência. Ele já começou a tentar, com ataques aos longos anos de Kerry em Washington e às contribuições que este recebeu de lobistas. Mas falta a Edwards dinheiro -e tempo.
A Dean, cujos esforços iniciais
para construir uma aura de invencibilidade desmoronaram de
tal forma que decidiu não entrar
com tudo nas disputas de anteontem, a única esperança é explorar
o estado indefinido da disputa e
lutar em lugares como Wisconsin,
em 17 de fevereiro, e Nova York e
Califórnia, em 2 de março.
Para Kerry, mais do que nunca
o favorito inquestionável, o desafio é evitar choques diretos com
adversários que irão escolhê-lo
como o único alvo e que poderão
ganhar delegados à convenção
mesmo sem vencer prévias -somando representantes aqui e ali,
de forma proporcional às votações que obtiverem. Kerry precisa
fazer com que sua conquista da
candidatura do partido pareça
inevitável, sem ao mesmo tempo
alienar os democratas dando a
impressão de reivindicar seu direito à vaga antes que eleitores de
Estados grandes e importantes
dêem seus votos.
No ano passado, Kerry mostrou
exercer maior apelo como um
azarão do que na posição de todo-poderoso. Nesta semana, ele já
pareceu um tanto nervoso e irritado em relação a Edwards, afirmando para um canal de TV que
seu rival não tem a experiência
necessária para liderar a nação em
tempos conturbados. Ainda disse
a assessores que Edwards não
conseguirá vencer em seu próprio
Estado (Carolina do Norte), e
muito menos em todo o sul.
De sua parte, Edwards quer
realçar o contraste de sua origem
humilde em relação à procedência aristocrática de Kerry e do presidente George W. Bush. Com
seus modos de advogado de tribunal e o talento no palanque, Edwards pode se tornar um grande
desafio populista ao jeito contido
e menos emocional de Kerry.
Mas Kerry mais uma vez exibiu
muita força em todos os grupos
demográficos cruciais da base democrata: mulheres, idosos, sindicatos, negros e latinos. Anteontem, novamente os eleitores declararam ver nele o candidato
mais capaz de desafiar Bush.
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