São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2004

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Blair defende a Guerra do Iraque no Parlamento e é vaiado pelo público

DA REDAÇÃO

Após anunciar um inquérito para apurar falhas de inteligência na Guerra do Iraque, o premiê britânico, Tony Blair, voltou ontem a defender a invasão do país, apesar de as armas proibidas citadas como a maior razão para a guerra não terem sido achadas.
Blair foi interrompido pelos gritos de um grupo de manifestantes na galeria pública da Câmara dos Comuns, depois retirado do local.
A decisão do premiê de não incluir o motivo político da guerra no inquérito arrancou críticas da oposição, que o acusa de usar a inteligência como bode expiatório.
Um artigo publicado ontem pelo jornal britânico "The Independent" assinado por Brian Jones sugere que nenhum especialista em inteligência apoiou as acusações de Blair sobre o suposto arsenal proibido iraquiano. Jones era o principal especialista em armas de destruição em massa do Ministério da Defesa até janeiro de 2003 -o relatório britânico que citava a ameaça iraquiana foi divulgado em setembro de 2002.
O especialista, que depôs no inquérito Hutton, que eximiu o gabinete de Blair da acusação de ter manipulado o relatório, afirmou que o dossiê era "enganoso".
"Na minha opinião, os analistas de inteligência da equipe de Inteligência para a Defesa foram desprezados na preparação do dossiê de setembro de 2002", escreveu.
Mas Blair disse que havia provas da "intenção maligna" do ex-ditador Saddam Hussein de desenvolver o arsenal proibido.
"Aceito que [os inspetores] não tenham achado o que eu e muitos outros, incluindo o dr. Kay, com confiança esperávamos -armas de fato para uso imediato. Mas os demais devem aceitar que o que eles acharam... mostra violações da resolução da ONU", disse Blair. "Se tudo o que for achado for o que já temos, seríamos extremamente irresponsáveis em não agir contra Saddam", declarou.
Maior aliado de Blair na guerra, o presidente dos EUA, George W. Bush, o comparou com um de seus predecessores mais ilustres, Winston Churchill. "Em sua determinação de fazer o que é melhor, não o que é mais fácil, vejo o espírito de Churchill no premiê Tony Blair", disse Bush, em Washington, ao abrir uma exposição sobre o homem que liderou o Reino Unido na Segunda Guerra.


Com agências internacionais


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