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São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Mais 60 mil soldados são mobilizados para a região; governo turco pode apresentar nova moção no Parlamento

EUA terão 300 mil militares no golfo Pérsico

Peter Macdiarmid/Reuters
Pacifista carrega faixa contra a guerra diante de base aérea em Fairford (no Reino Unido), na qual há bombardeiros B-52 dos EUA


DA REDAÇÃO

O Pentágono anunciou ontem a mobilização de mais 60 mil homens para a região do golfo Pérsico. A expectativa é de que outros 20 mil ou 30 mil soldados ainda sejam enviados para a região, elevando o número de militares americanos de prontidão no golfo para um possível ataque ao Iraque para cerca de 300 mil.
O anúncio foi feito no fim de semana e não há confirmação de quando esses 60 mil militares irão desembarcar na região, mas a previsão é de que isso talvez aconteça nas próximas semanas, possivelmente após o início de uma ofensiva contra Bagdá.
Segundo uma autoridade militar americana, que preferiu não se identificar, os soldados mobilizados agora devem ser utilizados em uma segunda onda da ofensiva após uma primeira invasão. Ou então eles poderão ser utilizados como parte de uma força de pós-guerra.
Ao todo, mais de 230 mil americanos já estão na região do golfo. Mais da metade deles estão baseados no Kuait. O Reino Unido também mobilizou um contingente militar de 40 mil soldados para a região, com o deslocamento de sua maior frota desde a Guerra das Malvinas, em 1982. Há ainda cerca de cem aviões e 27 helicópteros militares britânicos na área.
Os EUA e o Reino Unido acusam o Iraque de possuir armas de destruição em massa. Bagdá nega possuir esses armamentos.
Uma segunda leva dos bombardeiros B-52 dos EUA chegou ontem ao Reino Unido, de onde deve se deslocar para o golfo Pérsico em breve. Ao todo 14 aviões poderão utilizar a base da Força Aérea em Fairford.

Turquia
O governo turco deve apresentar uma nova moção ao Parlamento pedindo a permissão para que os EUA possam utilizar bases do país em uma possível operação militar contra o Iraque, segundo afirmou Recep Tayyip Erdogan, líder do Partido Justiça e Desenvolvimento (governista), considerado o homem forte da Turquia.
No sábado, o Parlamento do país rejeitou moção do governo que pedia autorização para a liberação das bases. A decisão acabou levando ao congelamento de uma ajuda financeira de cerca de US$ 15 bilhões ao país.
A nova votação deve demorar cerca de duas ou três semanas, o que pode atrasar o início de um ataque americano ao regime do ditador iraquiano, Saddam Hussein, pois a Turquia, onde a maioria da população é contrária à guerra, é considerada estratégica para uma possível ofensiva ao Iraque, por ser a melhor via para um ataque pelo norte a Bagdá.
Apesar da oposição à guerra, muitos turcos entendem que a contrapartida financeira pode tornar a autorização para o uso das bases pelos americanos uma boa alternativa para o país.
"A Turquia, para a sua própria segurança e para a integridade territorial do Iraque, não ficará como observadora dos eventos", disse Erdogan.
De acordo com a rede de TV britânica BBC, os EUA estariam estudando um plano B. Uma das saídas seria o deslocamento dos aviões americanos desde o Kuait até o norte do Iraque.

Com agências internacionais


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