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GUERRA SEM LIMITES
Único condenado pelo 11 de Setembro terá novo julgamento; Justiça alemã quer mais colaboração dos EUA
Alemanha anula julgamento de extremista
DA REDAÇÃO
A única pessoa até agora condenada pelos atentados do 11 de Setembro teve ontem o direito a um
novo julgamento concedido pela
Justiça alemã. Em fevereiro de
2003, Mounir el Motassadeq, 29,
nascido no Marrocos, havia sido
sentenciado na Alemanha a 15
anos de prisão após ter sido considerado culpado de conspirar para
matar as cerca de 3.000 vítimas
dos ataques terroristas de 2001.
Ele também foi considerado
culpado de integrar a célula da rede Al Qaeda situada em Hamburgo, noroeste da Alemanha, da
qual faziam parte três dos 19 seqüestradores dos aviões utilizados no 11 de Setembro.
Na apelação, Motassadeq argumentou não ter tido conhecimento prévio dos planos do 11 de Setembro. Disse apenas ter ajudado
amigos muçulmanos que viviam
no estrangeiro (na Alemanha).
Segundo seus advogados, novas
provas -que serviram de base
para inocentar, também na Alemanha, outro acusado pelo 11 de
Setembro, Abdelghani Mzoudi-
justificariam a anulação.
A absolvição de Mzoudi, ocorrida no mês passado, baseou-se numa informação, passada à Justiça
alemã por investigadores do país,
de que nem ele nem Motassadeq
pertenceriam ao coração do grupo de terroristas de Hamburgo
que sabia com antecedência dos
planos para o 11 de Setembro.
A informação teria surgido durante o interrogatório, nos EUA,
de um outro membro da célula de
Hamburgo sob custódia americana. O governo americano não informou a Justiça alemã sobre o
conteúdo desse interrogatório.
No mês passado, o procurador-geral da Alemanha, Kay Nehm,
criticou os EUA por não repassarem à Justiça alemã mais informações de inteligência que poderiam garantir a condenação de
suspeitos de participação no 11 de
Setembro. Ontem, o juiz da Suprema Corte alemã Klaus Tolksdorf voltou a cobrar mais colaboração por parte dos EUA. Disse
que um Estado não pode abandonar princípios de justiça, não importa quão grave seja o crime.
"A luta contra o terrorismo não
pode ser uma guerra selvagem,
sem controles", disse Tolksdorf.
O juiz afirmou que os tribunais
alemães devem se precaver ao lidar com um país [os EUA] que
tem interesse em obter condenações. "Há o risco de que testemunhas só sejam colocadas à disposição [dos tribunais alemães] de
forma seletiva para influenciar o
veredicto. Não podemos aceitar
isso", afirmou.
Revés
A anulação do julgamento de
Motassadeq deve ser recebida pelas autoridades dos EUA e da Alemanha como um significativo revés na chamada guerra contra o
terrorismo. O ministro do Interior alemão, Otto Schily, lamentou a decisão. "Está bem claro que
obstáculos mais altos foram estabelecidos para a acusação em casos de terrorismo", disse o promotor alemão Rolf Hannich.
A Embaixada dos EUA em Berlim não comentou a decisão.
Também não houve reação imediata por parte da Casa Branca.
Familiares de vítimas do 11 de
Setembro protestaram. "Tenho
certeza de que Motassadeq é culpado", disse Stephen Push, cuja
mulher, Lisa, morreu no avião jogado contra o Pentágono.
Os advogados de defesa de Motassadeq comemoraram a decisão
e pedirão que o acusado aguarde
o novo julgamento em liberdade.
A acusação havia pedido a condenação com base na amizade
próxima entre Motassadeq e seis
supostos planejadores dos atentados do 11 de Setembro.
Em 1996, ele foi testemunha no
testamento de Mohamed Atta,
suspeito de ser o líder da célula de
Hamburgo e figura central no
complô da Al Qaeda, liderada pelo saudita Osama bin Laden.
Motassadeq também transferiu
dinheiro para um dos suspeitos
de ter pilotado um dos quatro
aviões seqüestrados pela Al Qaeda em 2001.
Até agora, os EUA não julgaram
nenhum suspeito de participação
nos atentados do 11 de Setembro.
Condenações nos EUA
Três americanos muçulmanos
foram condenados ontem na Virgínia de conspirar para dar apoio
ao terrorismo. Seifullah Chapman, Hammad Abdur-Raheem e
Masoud Khan foram a julgamento pela acusação de fazerem batalhas de paintball nas matas do Estado como treinamento para
ações de terror. A sentença só será
anunciada em junho. Promotores
disseram que os condenados faziam parte de uma rede terrorista
da Virgínia. Até agora, seis membros do grupo já se declararam
culpados de várias acusações.
Com agências internacionais
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