São Paulo, sexta-feira, 05 de março de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Presidente é acusado de explorar os ataques do 11 de Setembro

Anúncios de Bush geram protestos

DA REDAÇÃO

A principal iniciativa até agora da campanha de reeleição do presidente norte-americano, George W. Bush, apresentou resultados inesperados para os estrategistas republicanos. Anúncios exibidos anteontem nas TVs de cerca de 20 Estados mostrando imagens do 11 de Setembro provocaram uma onda de protestos de parentes das vítimas dos ataques terroristas.
Apesar disso, a Casa Branca teve uma boa notícia com a divulgação de uma pesquisa que mostra Bush e o democrata John Kerry em empate técnico, mas que indica que o ativista Ralph Nader pode mais uma vez se tornar um fator decisivo na eleição de novembro.
Na ofensiva publicitária lançada anteontem, os comerciais de Bush exibem as carcaças carbonizadas do World Trade Center e bombeiros carregando uma maca coberta com uma bandeira americana.
"Fiquei nauseada. Você iria ao túmulo de alguém e o usaria como instrumento de política?", afirmou Collen Kelly, que perdeu um irmão nos atentados e dirige um grupo de parentes das vítimas, Peaceful Tomorrows (amanhãs pacíficos). Ron Willett, que perdeu um filho nos ataques, se disse tão irritado que seria capaz de "votar antes em Saddam Hussein do que em Bush".
A Associação Internacional de Bombeiros, um sindicato que reúne profissionais americanos e canadenses, aprovou uma resolução com um pedido para Bush retirar os anúncios do ar e "se desculpar às famílias dos bombeiros mortos no 11 de Setembro por macular as memórias de seus entes queridos numa tentativa de ganhar suporte para sua reeleição". Embora o sindicato tenha anunciado seu apoio a Kerry, seu presidente, Harold Schaitberger, disse que a organização é politicamente independente e que já doou dinheiro a republicanos.
Os assessores de Bush defenderam a campanha, que vai gastar somente nesta semana estimados US$ 5 milhões para comprar espaço na programação de canais da TV aberta e por cabo (nos Estados Unidos, os candidatos não têm direito a horário gratuito nas emissoras de rádio e televisão).
"O 11 de Setembro mudou a equação de nossas políticas públicas. Ele mudou o mundo para sempre. A liderança segura do presidente é vital para nosso combate ao terrorismo", disse Scott McClellan, porta-voz da Casa Branca. Ken Mehlman, diretor da campanha de Bush, disse que os ataques são o "momento de definição" da gestão do presidente.

Pesquisas
O primeiro levantamento das intenções de voto do eleitorado americano após a virtual definição da candidatura de John Kerry revelou uma situação mais favorável para o presidente Bush. Na pesquisa feita pelo instituto Ipsos para a agência de notícias Associated Press, Bush tem a preferência de 46% dos eleitores, contra 45% para Kerry e 6% para Ralph Nader. Nas últimas pesquisas, que não incluíam Nader, Kerry aparecia na frente. Na eleição de 2000, Nader foi fundamental para a vitória de Bush: se não tivesse participado, a maior parte dos apenas 2,7% dos votos que teve migraria para Al Gore, o que mudaria o resultado da eleição.
Outra pesquisa encomendada pela Associated Press ao Ipsos apontou que a maioria dos habitantes de Alemanha, Canadá, Espanha, França, Itália, México e Reino Unido tem uma visão desfavorável sobre o papel de Bush em questões mundiais.
Alemães e franceses têm a pior avaliação (mais de 80% são contrários a Bush). No Reino Unido, o principal aliado dos Estados Unidos, dois terços da população têm opiniões negativas sobre o presidente americano. A pesquisa foi feita entre os dias 12 e 21 de fevereiro e ouviu cerca de mil adultos em cada um dos países.


Com agências internacionais


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