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16º DIA
Bagdá diz que lançará "operação de martírio", sem armas químicas, para reaver aeroporto
Iraque ameaça ação não-convencional
DA REDAÇÃO
O Iraque ameaçou ontem lançar uma "ação não-convencional" contra as tropas americanas
que ocuparam o aeroporto de
Bagdá. A ameaça foi feita pelo ministro da Informação, Mohammed Said al Sahaf, numa entrevista coletiva na qual admitia, implicitamente, a perda do aeroporto.
"Executaremos uma ação não-convencional contra eles, não necessariamente militar", disse al Sahaf, informando que a ação seria à
noite (de ontem, em Bagdá).
Indagado sobre se o Iraque recorreria a armas de destruição em
massa, Sahaf disse: "Não, nada
disso. Mas conduziremos uma espécie de operação de martírio.
Comandaremos essa operação de
forma muito nova e criativa".
Por fim, o ministro disse que se
os norte-americanos (no aeroporto) "não se renderem, não
creio que poderão sobreviver".
Até o fechamento desta edição,
não havia informações de que a
possível ação estivesse ocorrendo.
Em uma gravação veiculada ontem na TV iraquiana, Saddam
Hussein pedia aos iraquianos para lutar "com o que tiverem à
mão". "Lutem contra eles com
força, resistam a eles. Ó, povo de
Bagdá, não permita nunca que invadam sua cidade", disse.
No sábado passado, um porta-voz do governo iraquiano havia
anunciado que mais de 4.000 árabes chegaram ao país e estariam
prontos para "se martirizar" a fim
de impedirem o avanço de tropas
invasoras em direção a Bagdá. O
anúncio ocorrera justamente horas depois de um soldado iraquiano detonar uma bomba dentro de
um táxi, matando a si e quatro
soldados americanos em um posto de controle. O grupo palestino
Jihad Islâmico também anunciara, no mesmo dia, o envio de homens-bomba para o Iraque.
O suposto temor de novos ataques suicidas fez com que americanos disparassem tiros de canhão contra uma caminhonete
que não parou em uma barreira,
em Najaf, no dia seguinte. Morreram sete mulheres e crianças.
Horas antes da ameaça feita ontem por Al Sahaf, um segundo
carro suicida explodiu no região
oeste do país, matando três militares americanos. O atentado, segundo a TV Al Jazeera, teria sido
executado por duas mulheres.
O governo iraquiano sempre
negou a posse de armas químicas
ou biológicas. A coalizão anglo-americana não encontrou provas
de que sua existência em território iraquiano -exceto o que qualificam de "evidências", como
roupas contra ataques químicos.
A posse dessas armas foi o mote
usado pelos EUA para a invasão.
Membros do comando militar
dos EUA, no Qatar, disseram ontem que suas tropas encontraram
em Latifiya, sudeste Bagdá, caixas
com um "pó desconhecido", outras de um líquido também não
identificado e papéis que tratariam de armas químicas. Horas
mais tarde, foi anunciada a descoberta do mesmo tipo de material
perto dali. Militares disseram à
TV CNN que possivelmente o pó
e o líquido não eram armas químicas, mas explosivos.
De acordo com o jornal "New
York Times", depois de avançarem rumo a Bagdá sem encontrar
forte resistência, os marines "estacionaram" na entrada da cidade.
Antecipados por bombardeios
aéreos, teriam "destruído" outra
divisão da Guarda Republicana, a
Nida, e marines estariam a cerca
de 16 km do centro da capital.
Com agências internacionais
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