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São Paulo, sábado, 05 de abril de 2003

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16º DIA

Bagdá diz que lançará "operação de martírio", sem armas químicas, para reaver aeroporto

Iraque ameaça ação não-convencional

DA REDAÇÃO

O Iraque ameaçou ontem lançar uma "ação não-convencional" contra as tropas americanas que ocuparam o aeroporto de Bagdá. A ameaça foi feita pelo ministro da Informação, Mohammed Said al Sahaf, numa entrevista coletiva na qual admitia, implicitamente, a perda do aeroporto.
"Executaremos uma ação não-convencional contra eles, não necessariamente militar", disse al Sahaf, informando que a ação seria à noite (de ontem, em Bagdá).
Indagado sobre se o Iraque recorreria a armas de destruição em massa, Sahaf disse: "Não, nada disso. Mas conduziremos uma espécie de operação de martírio. Comandaremos essa operação de forma muito nova e criativa".
Por fim, o ministro disse que se os norte-americanos (no aeroporto) "não se renderem, não creio que poderão sobreviver". Até o fechamento desta edição, não havia informações de que a possível ação estivesse ocorrendo.
Em uma gravação veiculada ontem na TV iraquiana, Saddam Hussein pedia aos iraquianos para lutar "com o que tiverem à mão". "Lutem contra eles com força, resistam a eles. Ó, povo de Bagdá, não permita nunca que invadam sua cidade", disse.
No sábado passado, um porta-voz do governo iraquiano havia anunciado que mais de 4.000 árabes chegaram ao país e estariam prontos para "se martirizar" a fim de impedirem o avanço de tropas invasoras em direção a Bagdá. O anúncio ocorrera justamente horas depois de um soldado iraquiano detonar uma bomba dentro de um táxi, matando a si e quatro soldados americanos em um posto de controle. O grupo palestino Jihad Islâmico também anunciara, no mesmo dia, o envio de homens-bomba para o Iraque.
O suposto temor de novos ataques suicidas fez com que americanos disparassem tiros de canhão contra uma caminhonete que não parou em uma barreira, em Najaf, no dia seguinte. Morreram sete mulheres e crianças.
Horas antes da ameaça feita ontem por Al Sahaf, um segundo carro suicida explodiu no região oeste do país, matando três militares americanos. O atentado, segundo a TV Al Jazeera, teria sido executado por duas mulheres.
O governo iraquiano sempre negou a posse de armas químicas ou biológicas. A coalizão anglo-americana não encontrou provas de que sua existência em território iraquiano -exceto o que qualificam de "evidências", como roupas contra ataques químicos. A posse dessas armas foi o mote usado pelos EUA para a invasão.
Membros do comando militar dos EUA, no Qatar, disseram ontem que suas tropas encontraram em Latifiya, sudeste Bagdá, caixas com um "pó desconhecido", outras de um líquido também não identificado e papéis que tratariam de armas químicas. Horas mais tarde, foi anunciada a descoberta do mesmo tipo de material perto dali. Militares disseram à TV CNN que possivelmente o pó e o líquido não eram armas químicas, mas explosivos.
De acordo com o jornal "New York Times", depois de avançarem rumo a Bagdá sem encontrar forte resistência, os marines "estacionaram" na entrada da cidade.
Antecipados por bombardeios aéreos, teriam "destruído" outra divisão da Guarda Republicana, a Nida, e marines estariam a cerca de 16 km do centro da capital.


Com agências internacionais


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