UOL


São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2003

Próximo Texto | Índice

ORIENTE MÉDIO

Secretário de Estado americano diz que Damasco tem de perceber que o cenário político na região mudou

EUA vigiarão ações da Síria, afirma Powell

DA REDAÇÃO

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, afirmou ontem que o governo americano observará atentamente o posicionamento político da Síria, na expectativa de que o país coopere com o que, na visão da Casa Branca, representa a mudança geopolítica em curso no Oriente Médio.
"Está muito claro que há uma nova situação estratégica na região, e a Síria tem de perceber que as coisas mudaram", declarou o secretário de Estado. A Casa Branca espera que o governo do presidente Bashar al Assad colabore com o plano de paz para o conflito israelo-palestino lançado na semana passada por EUA, ONU, União Européia e Rússia.
Segundo Powell, os EUA estarão mais atentos às ações de Al Assad do que ao seu discurso. "O que ele diz ou me disse não importa. O que importa é o que ele faz. Observaremos sua performance nos próximos dias, semanas e meses", declarou o secretário no "Meet the Press", programa dominical da rede de TV americana NBC.
Ao retornar de sua viagem à Síria, Powell afirmou que o presidente Bashar al Assad já deu sinais de cooperação, ao iniciar o combate a grupos islâmicos radicais que atuam no país. Esses grupos negam que estejam sofrendo pressão (leia texto à direita).
Mas a Casa Branca também quer apoio sírio na busca a ex-integrantes do governo iraquiano de Saddam Hussein e no combate à venda, ao trânsito e ao desenvolvimento de armas de destruição em massa na região.
Em resposta às afirmações de Powell, o governo sírio disse, em pronunciamento na rádio estatal, que "os árabes já fizeram pela paz tudo o que lhes foi pedido" e que "é hora de os EUA pressionarem Israel para deixar as terras ocupadas desde 1967".
"A paz, como o sr. Powell sabe, não poderá ser obtida se Israel não atender às resoluções internacionais", afirmou Damasco, acusando Israel de "insistir em sua política para conquistar tudo sem dar nenhum sinal de que deseja a paz".
Em seu pronunciamento, o governo sírio indicou que a Casa Branca poderia atuar para forçar uma mudança na política do premiê israelense Ariel Sharon. "Os EUA são capazes de repelir o agressor e de colocar no caminho certo os esforços internacionais."
O discurso sírio de ontem, incitando os EUA a pressionar Israel, condiz com a proposta de Damasco para aprovar na ONU uma resolução que determine o banimento das armas de destruição em massa de todos os países do Oriente Médio, incluindo Israel.
Tal proposta, patrocinada por países árabes, foi novamente rejeitada pelos EUA durante o encontro entre Powell e Al Assad no sábado em Damasco.
O secretário de Estado afirmou que retirar essas armas da região é um objetivo dos EUA, mas agora não é o momento de abordar a questão. Disse também que seu país pressionará "o lado israelense a fazer todo o possível" para levar a paz ao Oriente Médio.

Irã
Powell também fez uma advertência ao Irã, dizendo que Teerã não pode esperar um relacionamento melhor com Washington "enquanto continuar a apoiar o terrorismo e a desenvolver um programa nuclear".


Com agências internacionais

Próximo Texto: Não sofremos pressão, dizem grupos terroristas
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.