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UMA VISÃO PALESTINA
Precisão é vantagem do plano, diz Erekat
GILES PARIS
DO "LE MONDE"
Para Saeb Erekat, assessor diplomático do líder palestino Iasser Arafat, o novo plano de paz tem a vantagem de detalhar objetivos e fornecer um roteiro para
sua implementação, mas depende
demais de uma única pessoa, o
presidente dos EUA, George W.
Bush. Erekat recentemente renunciou a cargo no gabinete do
premiê palestino, Abu Mazen.
Pergunta - Como ex-ministro palestino, o sr. participou de todas as
negociações dos últimos anos. Por
quais razões o novo plano de paz
teria mais chances de sucesso que
os planos anteriores?
Saeb Erekat -O Oriente Médio
não é mais o mesmo depois da intervenção no Iraque. Há sem dúvida mais blindados e aviões norte-americanos por aqui que na
Flórida ou no Texas. É uma virada. Há ainda o fato de todos
apoiarem esse novo plano. As divisões ocorridas antes da intervenção no Iraque foram superadas diante do novo plano. Vejam
o exemplo de Tony Blair e Jacques
Chirac. Mesmo se há ainda nuances e incertezas sobre o papel de
uns e de outros, os países árabes,
os europeus, os russos, a ONU e
os demais parceiros dão seu
apoio. É por isso que acreditamos
que haja chances de sucesso.
Pergunta - Quais são as principais
vantagens do plano?
Erekat - É a sua precisão. Tudo
se encontra nele. Antes de mais
nada, há como objetivo um Estado palestino, há textualmente a
previsão de "fim da ocupação",
mas também um calendário, as
etapas e as medidas a serem adotadas por cada parte. Tudo está
bastante claro. É por isso que o
plano deve ser endossado tal qual
ele está. Não se trata de um texto
cuja redação precisa ser negociada. Não devemos, por exemplo,
levar em conta as reservas israelenses. Outro ponto forte do plano são os mecanismos de controle. Vejamos o que ocorreu a 29 de
maio, no último encontro entre
Ariel Sharon e Abu Mazen. Os israelenses anunciaram medidas
conciliatórias, como a diminuição
das restrições de circulação. Mas
os palestinos constataram que
ocorreu o oposto nos dias seguintes. Entre palestinos e israelenses
a confiança está hoje em seu menor nível. Já o ódio está em sua
maior escala. É por isso indispensável a presença de um árbitro.
Não peço a presença de militares
americanos ou de recursos importantes. Acredito que 350 civis
seriam suficientes.
Pergunta - E quais são as deficiências do novo plano de paz?
Erekat - O novo plano de paz repousa sobre um único homem,
George W. Bush. Ariel Sharon
não se levantou certa manhã e
disse para si mesmo: "Bem, que tal
se eu submetesse um novo plano
ao meu governo?". Se ele aderiu, é
porque Bush o impôs a ele. Da
mesma forma, Bush não disse a si
mesmo que seria uma boa idéia
fazer algo por aqui. Ele adotou
uma nova postura depois de um
longo período de imobilismo,
porque compreendeu que, após o
Iraque, a estabilidade regional
passava pela resolução do conflito
entre palestinos e israelenses. Caso ele não consiga se impor ou se
abdicar de fazê-lo o fracasso será
inevitável. E a região pode esperar pelo pior.
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