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São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2003

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IRAQUE

Para governista, imprensa deveria acreditar em Blair, não em fontes "desonestas"

Londres critica mídia sobre armas

DA REDAÇÃO

Em um contra-ataque aos que duvidam da veracidade das acusações anglo-americanas sobre o Iraque, o líder na Câmara dos Comuns, John Reid, culpou ontem "elementos desonestos" dentro dos serviços de inteligência britânicos pela onda de ataques ao premiê Tony Blair e à sua decisão de invadir o país junto com os EUA.
"Têm sido passadas informações não confirmadas [à imprensa] por um elemento desonesto -ou vários- nos serviços secretos. É difícil entender por que isso, e não a palavra do premiê e do presidente da comissão conjunta de inteligência, deve ser levado a sério", declarou Reid.
Mais tarde, em discurso ao Parlamento, Blair corroborou as acusações ao dizer que "alguém do serviço secreto" tem informado à mídia sobre as alegações de que o governo exagerou sobre a ameaça representada pelo Iraque para conseguir apoio à guerra.
Sob pressão nos últimos dias, o premiê voltou a negar que seu gabinete tenha adulterado informações sobre as supostas armas de destruição em massa iraquianas ou ordenado aos serviços secretos que o fizessem.
Blair anunciou a abertura de um inquérito parlamentar sobre o caso a ser conduzido por uma comissão de inteligência e segurança multipartidária, que, segundo ele, deve provar que as acusações de distorção dos documentos são "completamente falsas".
Na terça-feira, a comissão de assuntos externos do Parlamento já havia anunciado um inquérito.
Ontem, o jornal "The Guardian" afirmou que o subsecretário americano da Defesa Paul Wolfowitz admitiu que "o motivo da guerra no Iraque foi o petróleo". Sem dar detalhes, o "Guardian" cita o jornal alemão "Die Welt" como fonte da informação. A declaração foi feita no sábado num congresso sobre defesa em Cingapura.
Segundo agências de notícias, Wolfowitz se referia à falta de necessidade de uma ação militar contra a Coréia do Norte, acusada pelos EUA de produzir armas nucleares, já que ela seria mais suscetível a pressões econômicas do que o Iraque -que conta com a renda do petróleo.
"A principal diferença entre a Coréia do Norte e o Iraque é que não tínhamos virtualmente opções econômicas [de pressão], pois o país flutua sobre um mar de petróleo", disse Wolfowitz, que na semana passada chamara a questão das armas de "motivo burocrático" para a guerra.
Nos EUA, o Pentágono lançou ontem campanha para combater as acusações sobre a idoneidade das informações sobre o Iraque.
Segundo o subsecretário da Defesa para Política, Douglas Feith, o objetivo é "ajudar a sepultar algumas histórias mentirosas que andam circulando sobre o Departamento da Defesa e que têm ganhado o status de lendas urbanas".


Com agências internacionais


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