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IRAQUE OCUPADO
Relatório afirma que a situação melhorou desde a queda de Saddam Hussein, mas problemas surgiram
EUA violaram direitos humanos, diz ONU
DA REDAÇÃO
A campanha americana no Iraque pôs fim a anos de violações
dos direitos humanos pela ditadura de Saddam Hussein, mas
causou novos problemas, diz a
ONU em seu primeiro relatório
sobre o tema, lançado ontem.
Segundo o alto comissário da
entidade para direitos humanos,
Bertrand Ramcharan, as forças da
coalizão que os EUA lideram cometeram "graves violações" da lei
humanitária internacional e maltrataram iraquianos comuns.
Em linhas gerais, o documento
de 45 páginas diz que "houve sérios problemas em relação aos direitos humanos que devem ser reconhecidos", ainda que tenha havido "ganhos desde que a coalizão
tomou o controle do país".
Em um dos depoimentos compilados, um iraquiano preso pelo
regime de Saddam e depois mantido na prisão de Abu Ghraib pela
coalizão anglo-americana diz que
"os maus-tratos sofridos como
prisioneiro político de Saddam
foram ruins", mas que, "como
prisioneiro da coalizão, sofreu
humilhações e crueldade mental,
além de tortura física".
No documento, a ONU diz ser
"imperativo" que os militares
americanos responsáveis pela tortura de iraquianos em Abu
Ghraib sejam punidos e aventa a
possibilidade de o caso ser julgado como crime de guerra. O relatório ainda sugere que a coalizão
institua um monitor dos direitos
humanos e questiona se os EUA
agiram ou não de acordo com a lei
internacional: "As forças de coalizão foram ao Iraque levar liberdade àquele país. Se elas agiram ou
não de acordo com a lei internacional, é assunto para debates".
A ONU retirou seus funcionários estrangeiros do Iraque no
ano passado, após sua sede em
Bagdá ter sofrido dois atentados
-num deles morreu seu representante no país, o brasileiro Sergio Vieira de Mello. Por isso não
houve equipe em campo para coletar informações para o relatório.
Como base para o documento,
foram usados dados fornecidos
pela Autoridade Provisória da
Coalizão, pelos governos dos países que participaram da ocupação, por entidades humanitárias
internacionais, por funcionários
iraquianos da ONU e por iraquianos que deixaram o país.
Resolução
Desde que estourou o escândalo
da tortura, EUA e Reino Unido
movem uma campanha para recuperar sua credibilidade quanto
à ocupação e assim obter apoio de
outros países. A principal investida é uma nova proposta de resolução à ONU sobre o Iraque.
Ontem, uma terceira versão do
projeto foi apresentada, na tentativa de atender a algumas das demandas feitas por países que se
opuseram à guerra, como França,
China, Rússia e Alemanha -os
três primeiros têm poder de veto
no Conselho de Segurança.
Depois de acrescentar a expressão "soberania total" ao documento e de fixar uma data para a
saída das tropas -"quando o
processo de transição política for
concluído", o que está previsto
para janeiro de 2006-, foi preciso deixar mais claro como se dará
a coordenação entre a autonomia
das tropas multinacionais, lideradas pelos EUA, e a soberania do
governo interino.
A nova proposta dá ao governo
iraquiano o direito de pedir a retirada das tropas quando bem entender -algo que havia sido comentado antes por autoridades
dos EUA, mas não fora formalizado. Da mesma forma, porém, a
proposta também impõe, pela
primeira vez, limites às ações do
governo interino, impedindo-o
de "tomar qualquer ação que afete o destino do Iraque" após seu
período no poder.
Ontem, a ONU nomeou uma
comissão eleitoral independente,
composta por oito membros, cuja
missão será criar as condições para a eleição direta de uma Assembléia Nacional iraquiana em janeiro próximo.
Com agências internacionais
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