São Paulo, sábado, 05 de junho de 2004

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Ocupação não pode ser aceita, diz premiê na TV

DA REDAÇÃO

O recém-nomeado premiê iraquiano, Iyad Allawi, usou ontem seu primeiro discurso televisionado para exortar o país a "se unir contra a ameaça terrorista" e afirmar que a presença das tropas estrangeiras é importante, embora a ocupação "não possa ser aceita".
"Derrotar o terrorismo é dever de todos os iraquianos. Eu lhes peço que se levantem contra os assassinos criminosos e cooperem com as instituições do Estado para destruir esse mal", disse Allawi, que assume dia 30 e deve dirigir o país até a posse de um governo eleito, esperada para janeiro de 2006.
"Nós, iraquianos, não poderemos nunca aceitar a ocupação", afirmou, salientando, em seguida, que a saída das forças americanas hoje seria "um grande desastre".
A violência é o maior problema do Iraque hoje, sendo o principal foco de tensão atual a região de Najaf, cidade no sul do país considerada sagrada pelos xiitas, onde opera a milícia do clérigo radical xiita Moqtada al Sadr.
Após negociar com o clérigo, o comando americano concordou em recolher suas forças para as bases nas cercanias da cidade e permitir que a polícia iraquiana assuma a segurança, na expectativa de reduzir as tensões.
Em seu sermão semanal em Kufa, Al Sadr criticou a escolha de Allawi, nomeado pelo extinto Conselho de Governo Iraquiano com a anuência dos EUA e da ONU. "Os EUA tomaram para si a nomeação do premiê e do presidente sob cobertura da ONU. Fizeram isso com impertinência. O governo deve ser eleito, e eu nunca aceitarei nada diferente disso."

Soldados mortos
O número de militares americanos mortos em ataques e combates no Iraque superou 600 ontem, quando cinco soldados morreram e cinco foram feridos por insurgentes a leste de Bagdá.
Segundo testemunhas, os agressores dispararam granadas-foguetes contra o veículo em que os militares estavam, destruindo-o totalmente. Desde o início do conflito, em março de 2003, 601 soldados americanos e 64 de outros países da coalizão morreram em ações hostis, enquanto 262 (217 dos EUA e 45 dos demais países) morreram em acidentes.
O número de baixas nas fileiras dos EUA declinou sensivelmente nas últimas semanas, mas autoridades americanas acreditam que, com a aproximação do dia 30, a violência recrudesça.
Também ontem, o comando americano anunciou a prisão de um "aliado próximo" do terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi, suspeito de planejar uma série de atentados com carros-bomba no Iraque e de pertencer à rede terrorista Al Qaeda.
Umar Baziyani foi capturado no último dia 30 pela polícia iraquiana e está sendo interrogado.


Com agências internacionais


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