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ÁSIA
Secretário norte-americano diz que investimentos bélicos de Pequim põem em risco o equilíbrio de forças no continente
Rumsfeld critica gasto militar da China
JIM MANNION
DA FRANCE PRESSE
O secretário de Defesa dos
EUA, Donald Rumsfeld, afirmou
ontem que os gastos militares da
China são superiores ao que Pequim reconhece oficialmente e
que eles colocam em risco o equilíbrio de forças na Ásia.
Um estudo do Pentágono que
será divulgado neste mês estima
que o orçamento de defesa da
China é atualmente o maior da
Ásia e o terceiro maior do mundo,
revelou o secretário.
"Como nenhuma nação ameaça
a China, não posso deixar de me
perguntar: a que se deve o investimento crescente? Por que as grandes compras de armas continuam?", questionou-se Rumsfeld
diante de ministros da Defesa e
especialistas militares que estão
reunidos em Cingapura para assistir a uma conferência internacional sobre segurança.
O chefe da delegação chinesa,
Cui Tiankai, perguntou a Rumsfeld: "O senhor realmente acha
que a China não se encontra sob
nenhuma ameaça em nenhuma
parte do mundo? O senhor acredita sinceramente que os EUA
não se sentem ameaçados pelo
chamado crescimento chinês?"
Rumsfeld respondeu que nenhum país ameaçava a China. E
acrescentou: "A resposta é não,
não nos sentimos ameaçados pelo
crescimento da China".
"Se todos estão de acordo que o
contencioso entre a República Popular da China e Taiwan será resolvido de forma pacífica, então
cabe perguntar a que se deve o
significativo incremento de mísseis balísticos diante de Taiwan",
afirmou Rumsfeld.
No início deste ano, a China
anunciou um aumento de 12,6%
em seu gasto militar, que chegou a
US$ 29,5 bilhões.
O primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong, disse em
seu discurso de abertura da conferência, na sexta-feira, que "uma
estratégia de enfrentar a China
provocaria sua inimizade sem
bloquear de forma significativa
seu crescimento".
Rumsfeld também reiterou a
preocupação dos EUA com o programa de armas nucleares norte-coreano. "As ambições nucleares
de Pyongyang ameaçam a segurança e a estabilidade da região e
também do mundo", advertiu.
O secretário norte-americano
disse ainda que a China é o único
país que pode persuadir a Coréia
do Norte a retornar às negociações multilaterais. "O mundo inteiro ficaria satisfeito se a China se
comprometesse com soluções pacíficas, e seu povo trabalhador e
bem-educado contribuísse para a
paz internacional e a prosperidade", afirmou.
Além disso, Rumsfeld queixou-se de que o crescimento econômico da China não se faz acompanhar de liberdade política. "Em
algum momento, a China deverá
adotar alguma forma de governo
aberto, representativo, se deseja
obter plenamente os benefícios a
que aspira seu povo", disse.
O secretário norte-americano
admitiu que o Pentágono espera
fortalecer os vínculos militares
com a Índia, outro poder emergente na Ásia. "O rumo para o
qual a Índia se encaminha está
muito claro, e é possível antecipar
que a relação com a Índia continuará a fortalecer-se", disse
Rumsfeld a jornalistas no avião
que o levou a Cingapura.
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