São Paulo, domingo, 05 de junho de 2005

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ÁSIA

Secretário norte-americano diz que investimentos bélicos de Pequim põem em risco o equilíbrio de forças no continente

Rumsfeld critica gasto militar da China

JIM MANNION
DA FRANCE PRESSE

O secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, afirmou ontem que os gastos militares da China são superiores ao que Pequim reconhece oficialmente e que eles colocam em risco o equilíbrio de forças na Ásia.
Um estudo do Pentágono que será divulgado neste mês estima que o orçamento de defesa da China é atualmente o maior da Ásia e o terceiro maior do mundo, revelou o secretário.
"Como nenhuma nação ameaça a China, não posso deixar de me perguntar: a que se deve o investimento crescente? Por que as grandes compras de armas continuam?", questionou-se Rumsfeld diante de ministros da Defesa e especialistas militares que estão reunidos em Cingapura para assistir a uma conferência internacional sobre segurança.
O chefe da delegação chinesa, Cui Tiankai, perguntou a Rumsfeld: "O senhor realmente acha que a China não se encontra sob nenhuma ameaça em nenhuma parte do mundo? O senhor acredita sinceramente que os EUA não se sentem ameaçados pelo chamado crescimento chinês?"
Rumsfeld respondeu que nenhum país ameaçava a China. E acrescentou: "A resposta é não, não nos sentimos ameaçados pelo crescimento da China".
"Se todos estão de acordo que o contencioso entre a República Popular da China e Taiwan será resolvido de forma pacífica, então cabe perguntar a que se deve o significativo incremento de mísseis balísticos diante de Taiwan", afirmou Rumsfeld.
No início deste ano, a China anunciou um aumento de 12,6% em seu gasto militar, que chegou a US$ 29,5 bilhões.
O primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong, disse em seu discurso de abertura da conferência, na sexta-feira, que "uma estratégia de enfrentar a China provocaria sua inimizade sem bloquear de forma significativa seu crescimento".
Rumsfeld também reiterou a preocupação dos EUA com o programa de armas nucleares norte-coreano. "As ambições nucleares de Pyongyang ameaçam a segurança e a estabilidade da região e também do mundo", advertiu.
O secretário norte-americano disse ainda que a China é o único país que pode persuadir a Coréia do Norte a retornar às negociações multilaterais. "O mundo inteiro ficaria satisfeito se a China se comprometesse com soluções pacíficas, e seu povo trabalhador e bem-educado contribuísse para a paz internacional e a prosperidade", afirmou.
Além disso, Rumsfeld queixou-se de que o crescimento econômico da China não se faz acompanhar de liberdade política. "Em algum momento, a China deverá adotar alguma forma de governo aberto, representativo, se deseja obter plenamente os benefícios a que aspira seu povo", disse.
O secretário norte-americano admitiu que o Pentágono espera fortalecer os vínculos militares com a Índia, outro poder emergente na Ásia. "O rumo para o qual a Índia se encaminha está muito claro, e é possível antecipar que a relação com a Índia continuará a fortalecer-se", disse Rumsfeld a jornalistas no avião que o levou a Cingapura.


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