São Paulo, domingo, 05 de junho de 2005

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ORIENTE MÉDIO

Decisão de Mahmoud Abbas aumenta tensão com o grupo Hamas, que recentemente obteve expressiva votação

Líder palestino adia eleição parlamentar

Ibraheem Abu Musataf/Reuters
Militante palestino reivindica trabalho para policiais; atiradores bloquearam via na fronteira com Egito e detiveram um diplomata


DA REDAÇÃO

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, adiou ontem as eleições parlamentares marcadas para 17 de julho. A medida, anunciada em Ramallah, visa, segundo analistas, dar tempo ao Fatah (partido do governo) se fortalecer e aumenta as tensões com o Hamas, facção islâmica terrorista, que participará das eleições para o Parlamento pela primeira vez desde a criação da Autoridade Palestina, em 1993.
O grupo islâmico, que obteve resultados expressivos nas eleições locais no começo de maio e acredita poder repeti-los na próxima votação, condenou o adiamento e o considerou uma violação do acordo de cessar-fogo.
"O adiamento foi necessário para nos permitir finalizar as medidas legais e consultas entre as facções", disse Abbas.
Nas últimas semanas, o líder palestino dera sinais de que o adiamento poderia ocorrer. Uma nova data não foi determinada e dependerá, segundo ele, de discussões com deputados palestinos e facções rivais, como o Hamas.
"A decisão foi tomada unilateralmente, sem nenhuma consulta a facções palestinas, e chega como reposta às condições e atmosfera do Fatah e não por uma motivação nacional", disse o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri.
Oficialmente, a Autoridade Palestina alega que a razão para o adiamento é técnica. A visão de Abbas sobre o processo de votação difere da de outros membros do Fatah, pois Abbas quer que os candidatos sejam escolhidos em listas nacionais. Alguns membros do partido, no entanto, acreditam que suas chances de reeleição seriam melhores em disputas locais.
Por outro lado, o Hamas, que se opõe à paz com Israel, foi vitorioso em eleições locais recentes em grandes cidades palestinas, e as chances de se sair bem numa votação legislativas são boas.
A aparente transparência da gestão do Hamas, que dirige centros sociais na faixa de Gaza, transmitiu confiança a muitos palestinos, que vêem a Autoridade Palestina como corrupta e ineficaz.
Apesar do adiamento, o Hamas não anunciou o fim do cessar-fogo e decidiu respeitar o acordo feito com outros grupos armados palestinos, quando das negociações entre Abbas e o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, em fevereiro, em reunião no Egito.

Incidente
Ontem atiradores palestinos detiveram um diplomata também palestino que tentava cruzar a fronteira com o Egito. Filiados do Fatah, disseram estar protestando contra as restrições de idade que os impede de ser contratados como policiais. Os palestinos planejam chamar 5.000 policiais entre 18 e 22 anos para a faixa de Gaza. A contratação é parte do esforço de Abbas para o plano de retirada das tropas israelenses em agosto.


Com agências internacionais


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