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PERFIL
Candidata já foi presa, torturada e viveu no exílio
DO ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO
Pediatra, separada do segundo marido e mãe de três
filhos, Michelle Bachelet Jeria, 53, tem um perfil semelhante ao de milhares de chilenos que viveram no exílio.
Fala cinco idiomas, foi da extrema esquerda, tornou-se
socialista e disse a um jornal
chileno que "a economia de
mercado é muito cruel, e por
isso precisa de um Estado
que proteja os setores mais
vulneráveis".
A candidata que surge como favorita para as eleições
presidenciais deste ano nasceu em Santiago. Sua mãe
era arqueóloga, e seu pai, da
Aeronáutica. O brigadeiro
Alberto Bachelet foi preso e
torturado após o golpe de
1973 e morreu na prisão de
ataque cardíaco.
Ela cursava o quarto ano
de medicina na Universidade do Chile quando foi presa
e torturada em companhia
da mãe. Libertada, obteve
asilo na Austrália e em seguida na Alemanha Oriental.
Regressou ao Chile em 1979.
Concluiu seus estudos e voltou a atuar no Partido Socialista, ao qual pertencera desde os 20 anos.
De 2000 a 2002 foi ministra
da Saúde e, depois, ficou
dois anos na Defesa. Conduziu com discreta habilidade
o final do processo de "despinochetização" da oficialidade chilena.
Foi ela quem demitiu o
brigadeiro Patrício Ríos, comandante da Aeronáutica,
acusado de ocultar informações sobre violações de direitos humanos durante a
ditadura.
Bachelet é uma boa comunicadora. Escolhe naturalmente palavras simples para
falar de questões complicadas. Sabe misturar um estilo
austero com a oratória bem-humorada. Sorri com facilidade. "Para governar, o carisma não é suficiente. Mas o
que as pessoas chamam de
carisma tem muito a ver
com a credibilidade que o
político transmite", afirma.
Agnóstica, é contra o aborto e a eutanásia.
(JBN)
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