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CÚPULA GLOBAL
EUA minimizam ameaça nuclear russa
Putin disse que apontaria suas ogivas contra o escudo antimíssil que o Pentágono planeja construir no Leste Europeu
Condoleezza e porta-voz de
Bush insistem no diálogo, e
chanceler alemã afirma que
"Guerra Fria acabou"; todos
querem evitar tensão no G8
DA REDAÇÃO
Os Estados Unidos e seus
aliados europeus reagiram com
moderação à ameaça do presidente russo, Vladimir Putin, de
mobilizar mísseis com ogivas
nucleares como forma de se
contrapor ao escudo antimísseis do Pentágono.
Suas declarações tendem a
embaralhar a agenda do G8, encontro dos governantes dos
países mais industrializados
que será aberto amanhã na cidade alemã de Heiligendamm.
Num evidente esforço para
não polemizar, a secretária de
Estado americana, Condoleezza Rice, disse ontem que as declarações de Putin "não eram
úteis" e que suas ameaças "não
são aceitáveis num mundo em
que os Estados Unidos e a Rússia não são adversários".
O presidente George W.
Bush instruiu seu assessor de
segurança nacional, Stephen
Hadley, a declarar que "o importante "é manter um diálogo
construtivo com a Rússia" sobre o escudo antimísseis, e que
a escalada verbal não é útil para
nenhum dos dois lados.
O governo americano tem insistido no fato de o escudo -um
poderoso radar na República
Tcheca e mísseis de interceptação na Polônia- destinar-se a
conter um eventual ataque do
Irã ou da Coréia do Norte.
"A Guerra Fria acabou"
A chanceler alemã, Angela
Merkel, declarou que "a Guerra
Fria acabou" e disse esperar
que a questão será abrandada
durante a reunião do G8, da
qual ela é a anfitriã. Em Londres, um porta-voz do primeiro-ministro Tony Blair disse
inexistirem argumentos técnicos para justificar o temor do
Kremlin. Também disse que a Rússia precisava definir seu relacionamento com a Europa e
que, durante o G8, os europeus
terão a liberdade de abordar
questões que os incomodam
"no comportamento russo".
Em Paris, um porta-voz da
diplomacia francesa disse que o
escudo antimísseis americano
não prejudica o atual equilíbrio
estratégico entre a Rússia e os
Estados Unidos.
Putin volta à carga
A única reação um pouco
mais agressiva partiu do porta-voz da Otan, a aliança militar
ocidental. "Ao que eu saiba, o
único país especulando sobre
mirar mísseis sobre a Europa é
a Federação Russa", disse James Appathurai.
Em outros trechos da entrevista antecipada por um jornal
italiano no domingo, Vladimir
Putin se refere em termos incrivelmente duros aos Estados
Unidos e aos europeus.
"Vejamos o que foi criado na
América do Norte: horror, tortura, sem-tetos, Guantánamo,
detenção sem tribunais ou processo judicial", afirmou. Sobre
a Europa, referiu-se ao "tratamento duro dado aos manifestantes que protestam" [contra
o G8], com balas de borracha,
gás lacrimogêneo e morte de
um manifestante. Afirmou,
ainda, ser o único "democrata
puro e absoluto do mundo".
Protesto tcheco
Centenas de tchecos desfilaram ontem à tarde por Praga,
horas antes do desembarque do
presidente Bush, protestando
contra sua presença e contra o
escudo antimísseis que, numa
possível retaliação, tornaria
seu país vulnerável à ofensiva
nuclear russa ou aos grupos extremistas islâmicos.
Pesquisas demonstram que
60% dos tchecos se opõem ao
escudo antimísseis, mas o primeiro-ministro Mirek Topolanek afirma que não recuará de
seus projetos.
Com agências internacionais
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