São Paulo, terça-feira, 05 de junho de 2007

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análise

EUA devem gozar tempo que resta

GIDEON RACHMAN
DO FINANCIAL TIMES

George W. Bush vem registrando recordes de baixa nas pesquisas de opinião nos EUA. Fora de seu país, ele também é amplamente desprezado. Mas quando chegar à conferência de cúpula do G8, amanhã, continuará a não haver dúvida sobre quem lidera o mundo.
A despeito da guerra no Iraque -a despeito de tudo- continuamos a viver um "momento unipolar". Os EUA fariam bem em aproveitar enquanto podem. Por volta de 2020, é provável que esse momento tenha acabado.
Hoje, os EUA continuam capazes de alegar predomínio nos espectros econômico, militar e cultural. Continua a não existir uma alternativa coerente às idéias políticas e econômicas (capitalismo e democracia) às quais os EUA estão associados.
No entanto, a ascensão da China se tornou tão rápida que a Goldman Sachs prevê que a economia chinesa superará os EUA em 2027 e não em 2035, como previsto anteriormente.
Com a Guerra do Iraque, o prestígio dos EUA despencou. A eleição de um novo presidente e o fechamento da prisão de Guantánamo podem ajudar o país a recuperar alguma credibilidade. Mas a fé inabalável dos americanos em que a democracia, o mercado livre e o seu Exército não serão detidos está sendo substituída por abordagem mais cínica.
Seria um erro presumir que a liderança americana desaparecerá dentro de 20 anos. Tamanho não é tudo. Mesmo quando a economia da China for maior que a dos EUA, o americano médio continuará a ser muito mais rico do que o chinês médio. E se combinarmos a riqueza com a liberdade política, continua a ser provável que o "sonho americano" se mantenha mais atraente do que a realidade chinesa.
À medida que a realidade de uma China cada vez mais poderosa começa a ser assimilada, criticar os EUA talvez se torne passatempo menos popular. Os críticos que consideram a política externa do país amoral e nacionalista não perdem por esperar quando os chineses chegarem.


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