São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / ADEUS ÀS ARMAS

Hillary anunciará no sábado que deixa corrida democrata

Ex-primeira-dama, que perdeu prévias para Obama, endossará candidatura do rival

"Senadora expressará apoio à unidade partidária", diz campanha; segundo a AP, ela deve manter delegados conquistados e sua agenda

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

Hillary Clinton anunciará neste sábado, em evento em Washington, que desiste de disputar a candidatura democrata à Casa Branca. Na ocasião, a senadora também vai declarar apoio ao rival Barack Obama, que anteontem a derrotou, conquistando o número de delegados partidários necessários para disputar a Presidência dos EUA pelo partido de oposição nas eleições de 4 de novembro.
A declaração, enviada por e-mail na noite de ontem a quem está cadastrado em seu site, informa que a senadora fará "um evento em Washington para agradecer seus simpatizantes e expressar apoio ao senador Obama e à união do partido".
Pouco antes, emissoras de TV e sites americanos haviam antecipado, citando fontes de bastidores, que Hillary havia decido deixar oficialmente a corrida e que faria esse anúncio no final de semana.
Após 17 meses de uma campanha intensa na qual viu seu favoritismo inicial se erodir semana a semana a cada conquista de Obama, a ex-primeira-dama estava sob pressão de parte do partido, que via na longevidade da disputa interna riscos a suas chances contra o presidenciável republicano John McCain em novembro.
Na manhã de ontem, caciques da agremiação pediram que os superdelegados -membros graduados do partido que votam sem vínculo com as prévias- que ainda não haviam declarado preferência por algum candidato se posicionassem até amanhã.
"Os democratas devemos agora voltar toda nossa atenção para as eleições gerais", disseram em mensagem aos colegas líderes da legenda encabeçados pela presidente do Congresso, Nancy Pelosi. "[O partido precisa estar] unido e começar a marcha para reverter os oito anos de políticas falhas de Bush/McCain, que enfraqueceram nosso país."
Na véspera, após Obama superar a marca de 2.118 delegados partidários necessários para a candidatura, Hillary havia parabenizado o rival, mas se negara a deixar a disputa. "Não tomarei nenhuma decisão nesta noite", disse ante doadores de campanha em Nova York.
No discurso, que marcou o fim da fase de prévias, ela afirmou que iria se reunir com líderes do partido nos próximos dias e pediu sugestões a eleitores. A convenção democrata será no fim de agosto, e a única chance de a senadora reverter o quadro seria converter a maioria dos superdelegados que declararam voto em Obama -algo virtualmente impossível.

Delegados
Ainda não se sabe como Hillary irá orientar seus delegados para proceder na convenção em Denver, no Colorado. Nas prévias estaduais, ela conquistou 1.640 deles, ante 1.763 de Obama. A conta para a conseguir a candidatura ainda inclui parte dos superdelegados, cuja declaração antecipada de apoio colocou a vitória nas mãos de Obama.
A agência Associated Press informou ontem que Hillary estuda orientá-los a manter o voto nela, de modo que há suspensão da campanha, mas, em tese, seu nome será apresentado, mesmo com a derrota já certa. Outra opção seria orientar seus delegados a votarem em Obama, o que teria um efeito protocolar, mas não mudaria nada na prática.


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