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1º mandato foi marcado por reforma liberal
DA REDAÇÃO
Pode-se dizer que Gonzalo Sánchez de Lozada é o extremo oposto do líder indígena Evo Morales.
Enquanto Morales vem de comunidades empobrecidas e marginalizadas, "Goni", como é conhecido o novo presidente boliviano,
vem de uma família da elite nacional, tendo vivido muitos anos nos
EUA e ocupado o Ministério do
Planejamento e a própria Presidência, além de ser dono de uma
fortuna vinda da mineração.
Formado em filosofia pela Universidade de Chicago, ele passou
anos de sua vida nos EUA. No início da vida adulta, a sua dedicação
principal foi o cinema.
Seu pai foi tanto embaixador
boliviano em Washington quanto
asilado político, durante as idas e
vindas da política do país andino.
Até hoje ele conserva um marcado sotaque. Seus opositores o ironizam, chamando-o de "gringo" e
dizendo que ele fala melhor o inglês do que o espanhol.
Mas não é só na língua que ele se
aproxima dos EUA. Sánchez de
Lozada foi ministro do Planejamento de 1986 a 1988, durante o
governo de Victor Paz Estenssoro. De um partido que se intitula
"nacionalista" e "revolucionário",
a virada foi grande. Ele acabou
responsável pela implantação de
um liberalismo bem próximo ao
do Consenso de Washington.
Conseguiu baixar a hiperinflação de 25.000% (1986) para 16%
(1989). Com isso, capacitou-se para disputar a sucessão de Paz Estenssoro, sendo o candidato mais
votado no pleito de 1989 (23%).
Porém, como agora, a eleição teve de ser decidida no Congresso.
Causando surpresa, o segundo
mais votado de então, o ex-ditador Hugo Bánzer, apoiou o social-democrata Jaime Paz Zamora,
terceiro colocado, que levou a disputa. Hoje, só os dois primeiros
podem disputar o segundo turno.
Em 1993, Goni foi eleito presidente, mas ganhou dos opositores
outra pecha: "vende-pátria", por
causa de suas privatizações.
Sua gestão caracterizou-se pelo
aporte de capital privado, com a
abertura de empresas como as de
gás e petróleo, as de eletricidade,
as de comunicação e as de transporte aéreo e ferroviário.
O embate com os principais
opositores das privatizações, notadamente a Central Operária Boliviana, levou o presidente a prender dirigentes sindicais e a decretar estado de urgência.
Hoje, analistas afirmam que sua
política levará a Bolívia ainda
mais próxima aos EUA, distanciando-a da influência do Brasil.
Dirigentes do MNR dizem que
isso é bobagem. Lembram que foi
Lozada quem assinou, em dezembro de 1996, o acordo que aproximou a Bolívia do Mercosul -o
país é hoje, como o Chile, um associado (não-membro).
Mesmo pregando uma ideologia liberal, Lozada fez campanha
prometendo criar mais empregos
com uma maior intervenção do
Estado na economia.
(RU)
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