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São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2003

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EUA

Segundo o "Post", ele manifestou a intenção de não continuar num novo mandato de Bush; Rice e Wolfowitz são favoritos para a vaga

Powell nega que vá deixar cargo em 2005

ANDREW BUNCOMBE
DO "INDEPENDENT", EM WASHINGTON

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, negou ontem as informações divulgadas pelo "Washington Post" de que teria manifestado a intenção de não continuar no cargo em um eventual segundo mandato do presidente George W. Bush.
"Não sei do que estão falando", disse Powell. "Eu estou à disposição do presidente. O presidente e eu não discutimos nada além da minha continuidade", afirmou.
Segundo o "Post", Powell, 66, teria decidido deixar o cargo em janeiro de 2005, após ter tomado parte em várias controvérsias com os "falcões" do governo. Richard Armitage, seu substituto imediato, também teria manifestado a intenção de seguir o caminho e deixar o governo. A notícia gerou imediatamente especulações ardentes sobre quem deverá substituir Powell no mais alto posto da diplomacia americana.
Se for definitiva, a decisão não seria uma grande surpresa para aqueles que estão por dentro dos bastidores de Washington: já houve notícias antes de que ele somente tinha a intenção de participar de um mandato. Mas o momento da notícia -com 17 meses ainda para o término do atual mandato- abriu um amplo debate sobre quem poderia substituí-lo e a natureza de um segundo governo Bush sem ele.
O ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) também trocou seus secretários de Estado entre o primeiro e o segundo mandatos: Warren Christopher deu lugar a Madeleine Albright.
Powell, general da reserva, se tornou o primeiro secretário de Estado negro quando aceitou participar do governo Bush, em janeiro de 2001, após ter sido vice-assessor e assessor de Segurança Nacional nos governos de Ronald Reagan (1981-89) e de George Bush (1989-93), pai do atual presidente.
Mas o natural entusiasmo de Powell com o cargo foi indubitavelmente abrandado pelas batalhas ferozes que enfrentou às vezes com os elementos mais pró-guerra do governo -notadamente com o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld. Neste ano, após a derrubada de Saddam Hussein, as relações entre os dois alcançaram seu ponto mais baixo, e suas equipes se engajaram em uma batalha de amplo espectro de vazamentos e contra-vazamentos para prejudicar o outro.
Nesse ambiente, é compreensível que Powell possa estar contente por manter a promessa que teria feito à mulher, Alma, de não permanecer num segundo mandato. Em Washington, diz-se que Powell somente concordou em não concorrer à Presidência, em 1996 e em 2000, por causa da promessa familiar.
O Departamento de Estado negou ontem a notícia divulgada pelo "Washington Post" e as afirmações de que Armitage teria comunicado a decisão à assessora de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, numa conversa recente, dizendo a ela que ambos deixariam o cargo em 21 de janeiro de 2005, dia seguinte à posse do presidente eleito em 2004.
Mas Washington fervilhava ontem com especulações sobre quem sucederá a Powell, com o foco voltado principalmente para Rice e Paul Wolfowitz, o subsecretário da Defesa. A proximidade de Rice com Bush é vista como uma ligeira vantagem, apesar de ela ter sofrido, nas últimas semanas, críticas por seu papel na controvérsia sobre o uso de provas falsas para justificar a Guerra do Iraque.


Com agências internacionais

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