São Paulo, quarta, 5 de agosto de 1998

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TENSÃO NA CAXEMIRA
Escalada da disputa na fronteira entre Índia e Paquistão faz moradores fugirem para as montanhas
Conflito leva refugiados para cavernas

France Presse
Soldados indianos no vilarejo de Uri, próximo à fronteira com o Paquistão, preparam arma para disparar na direção da Caxemira paquistanesa


da "Reuters"

As bombas de artilharia vindas do Paquistão não erraram por muito. Caíram a apenas 200 metros do grupo de jornalistas estrangeiros que visitavam ontem o vilarejo de Uri, na porção indiana da Caxemira.
No vale, o eco ampliava o som da resposta das tropas da Índia, enquanto os moradores locais se refugiavam nas cavernas encravadas nas montanhas. Pelo menos 10 mil pessoas da vila de Nambla -que fica a cinco quilômetros da Linha de Controle, a disputada fronteira entre os países- deixaram suas casas e passaram a ocupar essas cavernas.
Os morteiros paquistaneses danificaram as plantações e destruíram uma escola e um conjunto de casas. "Não vejo ataques tão fortes desde a guerra de 1965", disse Modideen Pore, uma professora de Nambla.
O "prefeito" da vila disse que os moradores, refugiados nas cavernas, não comem há dois dias. A troca de tiros não pára, e eles não podem sair das grutas em busca de alimentos.
O conflito chegou ontem ao seu sexto dia consecutivo. Um oficial do Exército da Índia na região contabiliza o saldo das últimas ofensivas paquistanesas. "Desde 30 de julho, o Paquistão disparou 5.702 peças de artilharia, 2.041 morteiros, nove mísseis e muita munição de pequeno calibre através da fronteira do setor de Nowgam para Gulmarg", disse o brigadeiro U.S. Klair.
A Caxemira é uma região de população majoritariamente muçulmana. A Índia ocupa dois terços de seu território. O restante está sob controle paquistanês, país islâmico acusado pelo vizinho de apoiar grupos separatistas em violentas ações na Caxemira indiana.
Desde a independência do Reino Unido, em 1947, Índia e Paquistão já se enfrentaram em três guerras, duas delas por causa da Caxemira. A tensão na região aumentou em maio, quando os dois países tentaram demonstrar poderio militar promovendo testes nucleares. A Índia fez cinco explosões e teve como resposta seis testes paquistaneses.



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