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ORIENTE MÉDIO
Inspetor australiano e líderes iraquianos rompem diálogo
Negociação entre ONU e Iraque
sobre armas tem novo impasse
PATRICK COCKBURN
do "The Independent", em Bagdá
Uma nova crise nas relações entre o Iraque e a Organização das
Nações Unidas (ONU) parecia
iminente ontem, em Bagdá (capital), após o fracasso das negociações sobre a eliminação das armas
de destruição em massa.
Richard Butler, o diplomata encarregado de verificar a destruição
das armas não-convencionais do
Iraque, interrompeu sua visita de
três dias a Bagdá, depois de dois
encontros com líderes iraquianos.
Ele deve falar no Conselho de Segurança da ONU amanhã.
A interrupção nas negociações
foi causada pela insistência do Iraque em afirmar que eliminou todas as armas biológicas, químicas
e nucleares, assim como os meios
de produção e de distribuição delas. Isso é negado por Butler.
O vice-premiê iraquiano, Tareq
Aziz, terminou sua reunião com
Butler acusando-o de querer manter, a qualquer custo, as sanções
econômicas, que não devem ser
suspensas enquanto o Iraque
mantiver armas de destruição em
massa.
Aziz disse que o grupo de Butler
não achou nenhuma evidência de
que o Iraque tenha armas, apesar
do monitoramento detalhado e
das repetidas buscas realizadas
nos últimos quatro anos.
Na última crise com o Iraque,
em fevereiro, os EUA e o Reino
Unido obtiveram apoio limitado
no Conselho de Segurança para
ações militares contra o Iraque,
que não conseguiu conquistar
aliados entre os países árabes.
Butler parecia abalado depois de
seu último encontro com Aziz e
com outros líderes iraquianos no
Ministério das Relações Exteriores, em Bagdá. Ele cancelou uma
entrevista coletiva ontem, dizendo: "Meu dever é relatar ao Conselho de Segurança o que ocorreu.
Viajo hoje para Nova York".
Embora uma crise entre a ONU e
o Iraque, a respeito das armas
não-convencionais e das sanções,
seja sempre provável, esperava-se
que ela acontecesse em outubro,
quando Butler apresenta seu relatório semestral sobre o cumprimento das resoluções do cessar-fogo da Guerra do Golfo. A decisão de Butler de voltar para Nova
York ontem mostra que o confronto virá imediatamente.
Tradução de Paulo Daniel Farah
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