São Paulo, quarta, 5 de agosto de 1998

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ORIENTE MÉDIO
Inspetor australiano e líderes iraquianos rompem diálogo
Negociação entre ONU e Iraque sobre armas tem novo impasse

PATRICK COCKBURN
do "The Independent", em Bagdá

Uma nova crise nas relações entre o Iraque e a Organização das Nações Unidas (ONU) parecia iminente ontem, em Bagdá (capital), após o fracasso das negociações sobre a eliminação das armas de destruição em massa.
Richard Butler, o diplomata encarregado de verificar a destruição das armas não-convencionais do Iraque, interrompeu sua visita de três dias a Bagdá, depois de dois encontros com líderes iraquianos. Ele deve falar no Conselho de Segurança da ONU amanhã.
A interrupção nas negociações foi causada pela insistência do Iraque em afirmar que eliminou todas as armas biológicas, químicas e nucleares, assim como os meios de produção e de distribuição delas. Isso é negado por Butler.
O vice-premiê iraquiano, Tareq Aziz, terminou sua reunião com Butler acusando-o de querer manter, a qualquer custo, as sanções econômicas, que não devem ser suspensas enquanto o Iraque mantiver armas de destruição em massa.
Aziz disse que o grupo de Butler não achou nenhuma evidência de que o Iraque tenha armas, apesar do monitoramento detalhado e das repetidas buscas realizadas nos últimos quatro anos.
Na última crise com o Iraque, em fevereiro, os EUA e o Reino Unido obtiveram apoio limitado no Conselho de Segurança para ações militares contra o Iraque, que não conseguiu conquistar aliados entre os países árabes.
Butler parecia abalado depois de seu último encontro com Aziz e com outros líderes iraquianos no Ministério das Relações Exteriores, em Bagdá. Ele cancelou uma entrevista coletiva ontem, dizendo: "Meu dever é relatar ao Conselho de Segurança o que ocorreu. Viajo hoje para Nova York".
Embora uma crise entre a ONU e o Iraque, a respeito das armas não-convencionais e das sanções, seja sempre provável, esperava-se que ela acontecesse em outubro, quando Butler apresenta seu relatório semestral sobre o cumprimento das resoluções do cessar-fogo da Guerra do Golfo. A decisão de Butler de voltar para Nova York ontem mostra que o confronto virá imediatamente.


Tradução de Paulo Daniel Farah



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