São Paulo, quarta, 5 de agosto de 1998

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GUERRA CIVIL
Etnia tutsi se volta contra Kabila, que denuncia ataque ao país
Rebeldes tomam 2 cidades no Congo e ameaçam o novo regime

das agências internacionais

Forças de segurança do Congo (ex-Zaire) informaram ontem que as duas principais cidades do leste do país, Goma e Bukavu, foram tomadas por forças rebeldes que desafiam o governo do presidente Laurent Desiré Kabila.
Segundo as mesmas fontes, combates também estavam ocorrendo em outras cidades da região. Foi dessa área que partiu a campanha do próprio Kabila que há cerca de um ano derrubou do poder o ditador Mobutu Sese Seko, que governava o país -então chamado Zaire- havia 32 anos.
As tropas rebeldes lideradas por Kabila, que tomaram o controle de Kinshasa (capital) em 17 de maio do ano passado e rebatizaram o país como República Democrática do Congo, eram compostas principalmente por membros da etnia tutsi e contavam com o apoio de forças militares de Ruanda, país vizinho dominado pelos tutsis.
Antes uma aliada, a etnia, minoritária no Congo, se volta agora contra o ex-comunista Kabila.
Em Kinshasa, testemunhas relataram que centenas de membros da etnia foram detidos. Dois importantes integrantes do gabinete de Kabila, seu ministro das Relações Exteriores, Bizima Karaha, e Deogratias Bugera, assessor presidencial, ambos tutsis, abandonaram o país.
A capital foi palco de choques anteontem, disseram testemunhas. Não foram divulgadas estimativas de mortos ou feridos nos conflitos.

Outra versão
O governo congolês afirmou ontem não ser alvo de uma rebelião, mas de uma agressão que estaria sendo lançada por Ruanda.
"Dizemos explicitamente que Ruanda está nos atacando. Não há nenhuma rebelião. Está ocorrendo uma agressão por parte de Ruanda", disse ontem Didier Mumenge, porta-voz do governo.
Ao ser questionado sobre como o Congo iria responder às supostas agressões, Mumenge disse: "Estamos sendo atacados. Só podemos responder militarmente". A fronteira entre os dois países foi fechada.
Autoridades dos EUA afirmaram estar discutindo com países africanos uma forma de pôr fim aos conflitos iniciados no Congo.



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