São Paulo, Quinta-feira, 05 de Agosto de 1999
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SEGURANÇA
Prédios em SP e RJ estão na lista das 8 sedes diplomáticas americanas no exterior mais vulneráveis a ataques
EUA vêem risco a consulados no Brasil

MARCIO AITH
de Washington

Os prédios onde estão localizados os consulados norte-americanos em São Paulo e no Rio de Janeiro estão entre as oito instalações diplomáticas dos EUA mais vulneráveis a ataques terroristas em todo o mundo.
A informação consta de um documento feito pelo Departamento de Estado norte-americano sobre a vulnerabilidade das 256 embaixadas e consulados dos EUA ao redor do globo.
O estudo foi anunciado ontem em razão da proximidade do aniversário de um ano dos atentados, atribuídos a extremistas islâmicos, nas embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, na África, que mataram 224 pessoas.
Ao menos oficialmente, a razão da inclusão dos dois consulados no Brasil na lista dos prédios mais vulneráveis é física e não foi motivada por informações secretas de que grupos terroristas planejariam atentados nos dois locais.
"Com relação a esses dois consulados, nossa preocupação é a localização", disse ontem Peter Bergin, secretário-assistente para segurança diplomática do Departamento de Estado. "Elas estão praticamente nas ruas, são fisicamente vulneráveis."
Os EUA já procuram novas sedes para seus consulados de São Paulo e Rio de Janeiro (leia texto abaixo).
O consulado dos EUA em São Paulo está situado na rua Padre João Manuel, cercado por prédios na região nobre dos Jardins. O do Rio, também cercado por prédios, está na avenida Presidente Wilson, no centro da cidade.
À frente desses dois consulados na lista de prédios cuja mudança de localização é mais prioritária estão apenas as seguintes embaixadas e consulados: os dois prédios destruídos no Quênia e na Tanzânia; o consulado em Istambul, na Turquia; a embaixada em Túnis, na Tunísia; a embaixada em Campala, em Uganda e a embaixada em Zagreb, na Croácia.
O maior problema dos consulados em São Paulo e no Rio, segundo o Departamento de Estado, é a proximidade excessiva das ruas onde se encontram.
Segundo um parâmetro de segurança norte-americano, a distância mínima entre a embaixada (ou consulado) e as ruas e prédios ao seu redor deve ser de no mínimo 30 metros.
Desde os atentados na África, o governo norte-americano fracassou em todas as suas alternativas mais imediatas para reduzir a vulnerabilidade dos consulados em São Paulo e no Rio.
A primeira dessas alternativas foi solicitar às prefeituras das duas cidades a interdição das ruas onde eles se localizam. As solicitações não foram aceitas.
Outra opção seria comprar terrenos e imóveis ao redor dos dois consulados, para destruir os pontos adquiridos e criar uma ""área de segurança". No entanto, a especulação imobiliária e o número de prédios nas duas áreas dificultam essa opção.
A saída seria mudar o endereço dos dois consulados, mas dificuldades políticas do presidente Bill Clinton dificultam essa opção.
Depois dos atentados na África, Clinton pediu ao Congresso um orçamento especial de US$ 3 bilhões para reformar e comprar terrenos para mudar o endereço de embaixadas e de consulados ao redor do mundo.
O Congresso só autorizou US$ 300 milhões, discordando da lista de prioridades feita pelo Departamento de Estado. O assunto está ainda em debate.
Por enquanto, os EUA tomam providências pouco usuais. Em Kuala Lumpur, capital da Malásia, compraram um posto de gasolina e uma loja de conveniências ao lado da embaixada para destruir essas construções e criar um ""espaço livre de segurança".


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