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ORIENTE MÉDIO
Premiê palestino ameaça renunciar se não obtiver apoio na disputa com Arafat; Israel critica inação contra terroristas
Mazen exige mais poder e descarta reprimir terror
DA REDAÇÃO
O premiê palestino, Mahmoud
Abbas (mais conhecido como
Abu Mazen), que trava uma disputa de poder com Iasser Arafat,
presidente da ANP (Autoridade
Nacional Palestina), pediu ontem
ao Parlamento palestino que o
apóie de forma clara ou o demita.
Mas, numa declaração imediatamente criticada por Israel, disse
que não reprimirá os grupos terroristas palestinos. "Esse governo
não lida com os grupos de oposição com uma mentalidade policial, mas com uma mentalidade
de diálogo", disse o premiê.
"[Abbas] se nega, como faz Arafat, a desmantelar as organizações
terroristas e viola, como Arafat, os
compromissos assumidos", reagiu o chanceler israelense, Sylvam
Shalom. O plano de paz, proposto
pelos EUA em abril e aceito por
Mazen e pelo premiê de Israel,
Ariel Sharon, exige, entre outras
medidas, o desmantelamento dos
grupos terroristas palestinos.
Num balanço de seus cem dias
de governo, Mazen disse aos parlamentares que os problemas decorrentes da divisão de poder na
ANP precisam ser resolvidos.
"Ou vocês me oferecem a possibilidade de um apoio forte para
levar adiante [o mandato] ou podem tomá-lo de volta", disse Mazen, 68, ao Conselho Legislativo
Palestino, em Ramallah, na Cisjordânia.
Mazen, 68, visto pelos EUA e
por Israel como mais moderado,
foi indicado para o cargo, antes
inexistente, pelo próprio Arafat
após forte pressão internacional.
A disputa de poder entre os dois
líderes está centrada, principalmente, na exigência de Mazen de
ter mais controle sobre as forças
de segurança palestinas, sem o
qual ele não teria como pressionar os grupos terroristas.
Embora tenha cedido parte de
seus poderes a Mazen, Arafat
mantém o controle sobre a maior
parte dos serviços de segurança
palestinos. Os EUA e Israel o acusam de não agir para impedir a
ação dos grupos terroristas e de
tentar minar o trabalho de Mazen.
Arafat, cercado há 18 meses em
seu QG semidestruído em Ramallah, nega ambas as acusações.
Os parlamentares palestinos se
reunirão novamente amanhã para discutir o conflito de poder na
ANP e é possível que, nos próximos dias, haja uma votação para
decidir o futuro de Mazen.
Ontem, do lado de fora do Parlamento, cerca de 200 ativistas do
movimento Fatah, liderado por
Arafat, acusaram o premiê de ser
um "marionete" dos EUA e de Israel. Homens mascarados quebraram uma porta e algumas janelas do Parlamento.
Em seu discurso, Mazen qualificou o cessar-fogo, declarado pelos
grupos terroristas em 29 de junho, como a principal conquista
de seus cem primeiros dias e culpou Israel pelo fim da trégua. "Digo francamente que nossas sérias
tentativas de criar um mecanismo
para reavivar a trajetória política
com os israelenses não tiveram a
resposta necessária", disse.
O cessar-fogo resistiu a pequenas ações de Israel e dos grupos
terroristas palestinos Hamas e Jihad Islâmico, mas ruiu após atentado suicida do Hamas, em 19 de
agosto, que matou 21 pessoas em
ônibus de Jerusalém. Nos dias seguintes, Israel matou diversos
membros do Hamas.
Os EUA responsabilizaram os
palestinos ontem pelo impasse no
plano de paz. "O principal problema é o terrorismo e a violência, e a
ANP precisa enfrentar o problema se quisermos avançar", disse
Richard Boucher, porta-voz do
Departamento de Estado.
Com agências internacionais
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