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São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Premiê palestino ameaça renunciar se não obtiver apoio na disputa com Arafat; Israel critica inação contra terroristas

Mazen exige mais poder e descarta reprimir terror

DA REDAÇÃO

O premiê palestino, Mahmoud Abbas (mais conhecido como Abu Mazen), que trava uma disputa de poder com Iasser Arafat, presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), pediu ontem ao Parlamento palestino que o apóie de forma clara ou o demita.
Mas, numa declaração imediatamente criticada por Israel, disse que não reprimirá os grupos terroristas palestinos. "Esse governo não lida com os grupos de oposição com uma mentalidade policial, mas com uma mentalidade de diálogo", disse o premiê.
"[Abbas] se nega, como faz Arafat, a desmantelar as organizações terroristas e viola, como Arafat, os compromissos assumidos", reagiu o chanceler israelense, Sylvam Shalom. O plano de paz, proposto pelos EUA em abril e aceito por Mazen e pelo premiê de Israel, Ariel Sharon, exige, entre outras medidas, o desmantelamento dos grupos terroristas palestinos.
Num balanço de seus cem dias de governo, Mazen disse aos parlamentares que os problemas decorrentes da divisão de poder na ANP precisam ser resolvidos.
"Ou vocês me oferecem a possibilidade de um apoio forte para levar adiante [o mandato] ou podem tomá-lo de volta", disse Mazen, 68, ao Conselho Legislativo Palestino, em Ramallah, na Cisjordânia.
Mazen, 68, visto pelos EUA e por Israel como mais moderado, foi indicado para o cargo, antes inexistente, pelo próprio Arafat após forte pressão internacional.
A disputa de poder entre os dois líderes está centrada, principalmente, na exigência de Mazen de ter mais controle sobre as forças de segurança palestinas, sem o qual ele não teria como pressionar os grupos terroristas.
Embora tenha cedido parte de seus poderes a Mazen, Arafat mantém o controle sobre a maior parte dos serviços de segurança palestinos. Os EUA e Israel o acusam de não agir para impedir a ação dos grupos terroristas e de tentar minar o trabalho de Mazen.
Arafat, cercado há 18 meses em seu QG semidestruído em Ramallah, nega ambas as acusações.
Os parlamentares palestinos se reunirão novamente amanhã para discutir o conflito de poder na ANP e é possível que, nos próximos dias, haja uma votação para decidir o futuro de Mazen.
Ontem, do lado de fora do Parlamento, cerca de 200 ativistas do movimento Fatah, liderado por Arafat, acusaram o premiê de ser um "marionete" dos EUA e de Israel. Homens mascarados quebraram uma porta e algumas janelas do Parlamento.
Em seu discurso, Mazen qualificou o cessar-fogo, declarado pelos grupos terroristas em 29 de junho, como a principal conquista de seus cem primeiros dias e culpou Israel pelo fim da trégua. "Digo francamente que nossas sérias tentativas de criar um mecanismo para reavivar a trajetória política com os israelenses não tiveram a resposta necessária", disse.
O cessar-fogo resistiu a pequenas ações de Israel e dos grupos terroristas palestinos Hamas e Jihad Islâmico, mas ruiu após atentado suicida do Hamas, em 19 de agosto, que matou 21 pessoas em ônibus de Jerusalém. Nos dias seguintes, Israel matou diversos membros do Hamas.
Os EUA responsabilizaram os palestinos ontem pelo impasse no plano de paz. "O principal problema é o terrorismo e a violência, e a ANP precisa enfrentar o problema se quisermos avançar", disse Richard Boucher, porta-voz do Departamento de Estado.


Com agências internacionais

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