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São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2003

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PESQUISA

Populações desaprovam política externa de Bush e métodos americanos; já maioria nos EUA quer o fortalecimento da UE

Apoio aos EUA despenca entre europeus

DA REDAÇÃO

A Guerra do Iraque, liderada pelos Estados Unidos, provocou uma das mudanças mais radicais nas relações entre americanos e europeus desde o fim da Segunda Guerra (1945), aponta pesquisa divulgada ontem. Entre outras conclusões, os números revelam que o apoio aos EUA despencou na Europa, embora a maioria dos americanos queira o fortalecimento da União Européia (UE).
Realizado pelo instituto americano German Marshall Fund, o levantamento mostra que 77% dos americanos -em diversos momentos criticados por posições isolacionistas- querem que o seu país assuma um papel ativo em assuntos globais. Segundo o instituto, "é o nível de apoio mais alto desde a primeira pesquisa sobre o assunto, em 1947".
Apesar disso, caiu o número de americanos que querem que os EUA continuem sendo a única superpotência: 47% disseram ter essa opinião, contra 52% que deram essa resposta no ano passado.
Intitulada "Tendências Transatlânticas 2003", a pesquisa foi realizada em junho em oito países (França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Polônia, Holanda, Portugal e EUA) e ouviu 8.000 pessoas
Dos países europeus pesquisados, apenas os poloneses (58%) aprovaram a política externa do presidente George W. Bush.
William Drozdiak, diretor do Centro Transatlântico, em Bruxelas (Bélgica), disse que a pesquisa mensurou o tamanho do dano causado pela crise iraquiana.
"O que mais chama a atenção é a acentuada queda do apoio europeu à liderança global americana -de 65% para 44%-, enquanto aumentou o número de americanos que quer uma União Européia mais fortalecida", disse ele à agência de notícias Reuters.
Segundo a pesquisa, americanos e europeus consideram o unilateralismo dos EUA um problema e desejam fortalecer a ONU.

Fins e meios
A pesquisa mostra que, dada as atuais dificuldades dos EUA no pós-guerra no Iraque, a maioria dos americanos quer que a UE se torne uma superpotência capaz de dividir os custos e os riscos de enfrentar os problemas globais.
A maioria dos europeus também quer que a UE se torne uma superpotência como os EUA, com o objetivo de cooperar, e não competir, com Washington.
As divergências aparecem no "modus operandi". Embora os dois lados do Atlântico concordem que o terrorismo e a proliferação de armas de destruição em massa sejam as principais ameaças à segurança internacional, os americanos têm uma predisposição maior ao uso da força contra países como a Coréia do Norte.
Ambos também defendem pressionar Israel para pôr fim à ocupação na faixa de Gaza e na Cisjordânia, mas os americanos são muito mais propensos do que os europeus a pressionar os palestinos e os países árabes para acabar com os ataques suicidas.


Com agências internacionais e "Financial Times"

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