São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2004

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Governo ainda é reticente sobre democratização

ENVIADA ESPECIAL A TIANJIN

As eleições diretas nas vilas rurais são a experiência mais democrática da China, mas ainda estão longe de garantir um processo livre de escolha nas 700 mil localidades onde são realizadas.
O próprio governo reconhece que há problemas em 40% das vilas, afirma Yawei Liu, representante da Fundação Carter em um projeto conjunto com o Ministério de Assuntos Civis da China para aperfeiçoar as eleições.
Metade desses 40% realizam eleições "mais ou menos" de acordo com a lei, e a outra metade em total desrespeito a ela, observa. Os restantes 60% organizariam os pleitos nos termos da Lei Orgânica aprovada em 1998.
Jürgen Ritter, que trabalha em um projeto da União Européia de treinamento para as eleições, afirma que a lei traz princípios semelhantes aos da democracia ocidental, como garantia de segredo, igualdade e competição.
A grande pergunta não respondida é se as eleições nas vilas são o primeiro passo para uma democratização mais ampla da China ou se a experiência tende a ficar confinada a pequenas áreas.
"Quando a proposta foi apresentada ao Congresso Nacional do Povo, ela enfrentou muita resistência. Não acho que a experiência levará necessariamente à democracia em âmbito nacional", avalia Yawei, da Fundação Carter. "O governo vê a democratização como um longo processo. Acredito que eles venham a seguir o mesmo caminho da abertura econômica, com o estabelecimento de projetos-piloto e sua gradual extensão", diz Ritter. (CT)


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