São Paulo, segunda-feira, 05 de setembro de 2011

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Rebeldes dizem que rendição fracassou

Cercada, cidade de Bani Walid se torna centro do conflito; ditador Gaddafi e familiares podem estar escondidos lá

Negociadores rebeldes afirmam que diálogos falharam e se preparam para invadir cidade que é bastião gaddafista

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Fracassou ontem a tentativa dos rebeldes líbios de negociar a rendição das forças leais ao ditador Muammar Gaddafi que defendem Bani Walid, a 120 km a sudeste de Trípoli. Forças rebeldes iniciaram o cerco à cidade e preparam uma invasão.
Bani Walid é uma das três últimas cidades líbias ainda controladas por Gaddafi -ao lado da cidade natal do ditador, Sirte, e de Sabha, na região central do país.
Analistas afirmam que o ditador pode estar escondido em alguma delas, com o objetivo de resistir. Outra hipótese é a de que ele esteja em um esconderijo longe da luta, onde poderia permanecer por mais alguns meses.
O porta-voz do regime líbio, Moussa Ibrahim, disse ontem não saber a localização de Gaddafi, afirmando apenas que ele está em segurança e "cercado por pessoas dispostas a defendê-lo".
O Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político dos rebeldes, ofereceu imunidade a quem capturar ou matar Gaddafi e afirmou que um empresário local ofereceu uma recompensa de até R$ 2,5 milhões pelo ditador.
Bani Walid é a base da Warfalla, a maior tribo líbia e um dos pilares que sustentaram o regime de Gaddafi antes da queda da capital Trípoli.
Segundo negociadores rebeldes, a cidade estaria sendo defendida por entre 20 e 100 combatentes leais a Gaddafi, que estão baseados na região central.
A cidade está sem luz elétrica há cerca de uma semana e já não é possível encontrar alimentos no comércio. Os rebeldes chegaram a tentar negociar o envio de ajuda humanitária e médicos à população civil -com a condição de que o comboio de ajuda tivesse uma escolta armada-, mas a oferta foi recusada pelos defensores.
"Eles [forças de Gaddafi] dizem que não querem falar, eles estão ameaçando a todos na cidade. Colocaram atiradores no alto dos prédios e nos olivais e têm grande poder de fogo", disse o negociador rebelde Abdallah Kanshil.
Pelo menos dois filhos do ditador -entre eles Mutassim Gaddafi- e Ibrahim estariam em Bani Walid, ainda de acordo com Kanshil.
Líderes rebeldes chegaram a especular ontem que o próprio Gaddafi poderia estar refugiado na cidade. "Como negociador chefe, eu não tenho mais nada para oferecer [ao regime] agora. Do meu lado, as negociações estão encerradas", disse Kanshil.
Partidários de Gaddafi não se manifestaram sobre o processo de negociação.

IMPASSE
Rebeldes esperavam que a eventual rendição de Bani Walid provocasse uma onda de deserções nas últimas forças ainda leais ao ditador, por isso ofereceram uma trégua. Contudo, os defensores da cidade teriam aproveitado a trégua para reforçar suas posições com mercenários.
Já forças rebeldes se deslocaram ontem de Misrata e Tarhuna para participar do cerco a Bani Walid.
Comandantes rebeldes diziam na noite de ontem que um ataque era iminente.
Também ontem, o porta-voz militar dos rebeldes, Ahmed Omar Bani, afirmou que Hamis Gaddafi, outro filho do ditador, foi morto em combates ocorridos em Tarhuna, na semana passada.
Os rebeldes disseram ainda ter achado documentos que comprovariam uma tentativa do governo da China, supostamente ocorrida em julho, de vender armas para Gaddafi -o que violaria embargo imposto pela ONU.
Nenhuma das informações pôde ser verificada.


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