São Paulo, segunda-feira, 05 de setembro de 2011

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Para psicólogos, reação exagerada afetou crianças

DE WASHINGTON

A manutenção de uma política de constante alerta e a sensação, causada por ela, de que os EUA estavam em uma guerra perpétua afetou crianças e adolescentes americanos mais do que os atentados do 11 de Setembro em si, defende artigo recém-publicado pela Associação Americana de Psicologia.
A tese, assinada por Nancy Eisenberg (Universidade Estadual do Arizona) e por Roxane Cohen Silver (Universidade da Califórnia) e baseada em pesquisas, afirma que o impacto dos ataques de 11 de setembro de 2001 entre os mais jovens teve mais reflexos em suas atitudes sociais e políticas do que em sua saúde mental.
"A mudança, em termos de saúde mental, de antes para depois do 11 de Setembro, é associada mais ao fato de testemunharem outras formas de violência do que com a exposição aos eventos em si", escrevem em "Crescendo à Sombra do Terrorismo".
A alusão é às medidas que foram tomadas pelo governo após os atentados -duas guerras, supressão de liberdades civis, tortura de suspeitos de terrorismo.
A reação dos pais também tem papel-chave, segundo as psicólogas. Crianças e adolescentes que não perderam parentes ou amigos nos ataques foram profundamente afetados por seus pais e educadores e pelo tanto que elas foram expostas à repetição dos acontecimentos na TV. As atitudes dos adultos ao tratar do problema, ressaltam, foram majoritariamente negativas. Pouca atenção foi dada, por exemplo, à solução dos conflitos via mediação.
"Foi constatado que muitos adultos reagiram ao 11 de Setembro com atitudes positivas em relação ao militarismo e à restrição dos direitos civis, enquanto outros responderam simplesmente com raiva", escreve.

PRECONCEITO
Brian Michael Jenkins, da consultoria Rand de segurança, resume a sensação do pós-11/9: "Muita gente me pergunta se estamos mais seguros agora. É a pergunta errada, porque ela vem da perspectiva da vítima."
Consequência disso, alerta o artigo de Eisenberg e Silver, pode ser um aumento do preconceito em relação a determinados grupos -neste caso, muçulmanos (a Al Qaeda, rede terrorista por trás dos ataques, defende o fundamentalismo islâmico).
"Os estudos mostram que quanto mais os jovens ou suas mães diziam estar expostos ao 11/9 pela mídia, mais eles relatavam que suas famílias lhes orientavam a estarem sempre vigilantes ou desconfiados." (LC)


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