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RÚSSIA EM CRISE
Deputados devem votar na segunda se aceitam a indicação de Tchernomirdin
Parlamento adia votação sobre premiê
das agências internacionais
A Duma (câmara baixa do Parlamento) aceitou ontem proposta
do presidente russo, Boris Ieltsin,
para adiar a sessão parlamentar
que vai considerar a indicação de
Viktor Tchernomirdin para o cargo de premiê. A votação, que deveria ter sido realizada ontem, está
prevista para segunda-feira.
Tchernomirdin, indicado por
Ieltsin para chefiar o governo há
duas semanas, já teve seu nome
rejeitado na primeira votação. Ele
precisa do voto de 226 dos 450 deputados, mas apenas 94 ficaram
ao seu lado esta semana.
A oposição neocomunista, que
tem a maior bancada na Duma,
exige concessões do presidente em
troca da aprovação e ameaça não
aceitar a indicação.
O líder do Partido Comunista,
Guennadi Ziuganov, disse que
continuará a se opor a Tchernomirdin. E afirmou que, "se governo e oposição não chegarem a um
acordo, isso mostrará a perda final
de autoridade de Ieltsin".
O Kremlin (sede da Presidência
russa) disse estar aberto para ouvir propostas da oposição para a
composição do novo governo.
Ieltsin pede a rápida aprovação
do primeiro-ministro para que o
país possa começar a combater
sua grave crise econômica. Ele diz,
porém, que indicará Tchernomirdin pela terceira vez, caso ele seja
rejeitado na segunda votação.
Caso a Duma recuse três vezes a
aprovação do premiê, Ieltsin pode
dissolvê-la e convocar novas eleições parlamentares dentro de um
período de três meses.
Apoio moral
Tchernomirdin recebeu ontem,
por 91 votos a 17, o apoio do Conselho da Federação (a câmara alta
do Parlamento). A casa, porém,
não tem poder de decidir sua
aprovação -seu apoio é apenas
moral.
Uma pesquisa de opinião divulgada ontem pela agência "Interfax" afirma que a maioria da população russa (66%) acredita que
o enfrentamento entre Ieltsin e o
Parlamento pode terminar de forma violenta. Na mesma sondagem, 50% dos entrevistados disseram que a renúncia do presidente
seria benéfica ao país.
O impasse político se soma à
grave crise econômica na Rússia.
Já começa a faltar alimentos nas
lojas. Temendo o aumento dos
preços e a desvalorização do rublo, as pessoas têm comprado
produtos para fazer estoque.
O premiê interino Tchernomirdin anunciou ontem um plano de
estabilização que, segundo ele, vai
criar uma "ditadura econômica"
na Rússia.
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