São Paulo, sábado, 5 de setembro de 1998

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RÚSSIA EM CRISE
Deputados devem votar na segunda se aceitam a indicação de Tchernomirdin
Parlamento adia votação sobre premiê

das agências internacionais

A Duma (câmara baixa do Parlamento) aceitou ontem proposta do presidente russo, Boris Ieltsin, para adiar a sessão parlamentar que vai considerar a indicação de Viktor Tchernomirdin para o cargo de premiê. A votação, que deveria ter sido realizada ontem, está prevista para segunda-feira.
Tchernomirdin, indicado por Ieltsin para chefiar o governo há duas semanas, já teve seu nome rejeitado na primeira votação. Ele precisa do voto de 226 dos 450 deputados, mas apenas 94 ficaram ao seu lado esta semana.
A oposição neocomunista, que tem a maior bancada na Duma, exige concessões do presidente em troca da aprovação e ameaça não aceitar a indicação.
O líder do Partido Comunista, Guennadi Ziuganov, disse que continuará a se opor a Tchernomirdin. E afirmou que, "se governo e oposição não chegarem a um acordo, isso mostrará a perda final de autoridade de Ieltsin".
O Kremlin (sede da Presidência russa) disse estar aberto para ouvir propostas da oposição para a composição do novo governo.
Ieltsin pede a rápida aprovação do primeiro-ministro para que o país possa começar a combater sua grave crise econômica. Ele diz, porém, que indicará Tchernomirdin pela terceira vez, caso ele seja rejeitado na segunda votação.
Caso a Duma recuse três vezes a aprovação do premiê, Ieltsin pode dissolvê-la e convocar novas eleições parlamentares dentro de um período de três meses.
Apoio moral
Tchernomirdin recebeu ontem, por 91 votos a 17, o apoio do Conselho da Federação (a câmara alta do Parlamento). A casa, porém, não tem poder de decidir sua aprovação -seu apoio é apenas moral.
Uma pesquisa de opinião divulgada ontem pela agência "Interfax" afirma que a maioria da população russa (66%) acredita que o enfrentamento entre Ieltsin e o Parlamento pode terminar de forma violenta. Na mesma sondagem, 50% dos entrevistados disseram que a renúncia do presidente seria benéfica ao país.
O impasse político se soma à grave crise econômica na Rússia. Já começa a faltar alimentos nas lojas. Temendo o aumento dos preços e a desvalorização do rublo, as pessoas têm comprado produtos para fazer estoque.
O premiê interino Tchernomirdin anunciou ontem um plano de estabilização que, segundo ele, vai criar uma "ditadura econômica" na Rússia.



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