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Hotel de jornalistas é invadido
do enviado especial
Membros do grupo pró-Indonésia Aitarak invadiram ontem
por duas vezes o Hotel Mahkota
Timor, no centro da capital, Dili.
Dispararam tiros e ameaçaram
matar jornalistas.
Por mais de quatro horas, o
quarteirão do hotel ficou cercado
por membros do grupo. Os hóspedes foram avisados para não
sair do hotel. Os ataques causaram correria e pânico, mas ninguém ficou ferido.
As duas invasões ocorreram na
presença de policiais e militares
indonésios, que estão encarregados de garantir a segurança no
território e têm ordens explícitas,
mas não cumpridas, de apreender
armas dos grupos.
O hotel é visado pelas milícias
porque se tornou centro de operações da Unamet (Missão das
Nações Unidas para o Timor Leste). Além disso, ontem estavam
hospedados nele a maioria dos
jornalistas estrangeiros que estão
cobrindo o referendo, inclusive o
enviado especial da Folha.
Foi no auditório do Hotel Mahkota que o chefe da Unamet, Ian
Martin, divulgou, às 9h10 de ontem, o resultado do referendo.
Cerca de 50 soldados e militares
faziam a segurança do local no
momento.
Com a divulgação do resultado,
as milícias iniciaram uma série de
ataques na cidade. Por volta do
meio-dia, um caminhão carregado de membros da Aitarak chegou às proximidades do hotel.
Um homem em uma moto disparou dois tiros para o ar, parado
na esquina do quarteirão do hotel, a cerca de 100 m da porta principal. Enquanto isso, outros
membros tentavam invadir os
fundos do hotel.
Dois fotógrafos portugueses
que tentaram registrar a cena, um
do chão e outro do telhado, tiveram armas apontadas para eles.
Os militares conseguiram conter os homens armados. Mas, cerca de duas horas depois, um
membro da milícia passou o bloqueio da polícia e, com um facão,
quebrou o vidro da porta do hotel. As pessoas correram para os
andares de cima.
O homem entrou no saguão
principal, gritou algumas palavras em tetum, a língua local, e
saiu. Na saída, deixou seu facão
cair no chão. Um policial que estava na porta, em vez de apreender a arma, a entregou de volta ao
membro da milícia.
As pessoas foram para seus
quartos. Uma hora depois, quatro
homens, com armas caseiras,
abriram fogo contra a fachada de
vidro do hotel.
Entraram correndo no prédio e
subiram ao primeiro andar. O
prédio tem dois andares.
Bateram em várias portas e saíram. De novo, a polícia não agiu.
Nesse momento, após reforço
do Exército, já havia mais de uma
centena de policiais e soldados
cercando o prédio.
O tenente-coronel Leo Pardede,
chefe da polícia local, que chegou
ao hotel às 16h50, negou que sua
tropa tivesse sido negligente.
Disse que seus homens conseguiram segurar muitos membros
das milícias e deixaram escapar
apenas alguns.
Para aumentar a segurança,
chamou 30 atiradores para guardar o prédio durante a noite.
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