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IRAQUE
Político russo diz que Moscou quer explorar mercado iraquiano no pós-guerra
Rússia e EUA já negociam petróleo
DA REDAÇÃO
A Rússia quer uma fatia do
mercado de petróleo iraquiano
caso os EUA lancem um ataque
para depor o ditador Saddam
Hussein, disse ontem um político
do alto escalão russo, conselheiro
do presidente Vladimir Putin.
"Temos interesse no setor petrolífero da economia iraquiana",
disse Mikhail Margelov, líder do
comitê de relações internacionais
do Conselho da Federação (Câmara Alta do Parlamento russo).
"Quando digo interesse, não
quero dizer apenas honrar os
contratos já existentes, mas também uma oportunidade para uma
cooperação igual e frutífera entre
as companhias internacionais de
petróleo na privatização do setor
petrolífero iraquiano", afirmou.
Margelov, atualmente em visita
a Washington, afirmou que a
Rússia também tem preocupações sobre a dívida que Bagdá tem
a pagar ao país, de entre US$ 7 bilhões e US$ 12 bilhões.
Segundo ele, já há negociações
entre Moscou e os EUA sobre
eventuais divisões dos lucros numa era pós-Saddam. O petróleo
do Iraque, disse Margelov, não
deve ser repartido apenas entre
um ou dois países. "A competição
deve ser aberta a todos."
Suas declarações corroboram
denúncias feitas com frequência
pelas autoridades iraquianas.
Bagdá afirma que o presidente
americano, George W. Bush, planeja se apoderar de suas reservas
petrolíferas e estaria usando a
questão das armas de destruição
em massa como justificativa para
iniciar uma guerra.
A Rússia tem adotado posição
divergente à americana nas discussões em curso no Conselho de
Segurança (CS) da ONU. Washington quer a aprovação de uma
resolução criando um regime
mais rigoroso de inspeção de armas e autorizando o uso da força
caso o Iraque se negue a cumprir
as determinações da ONU.
Russos, franceses e chineses
-todos com direito a veto no
CS- afirmam ser contra a inclusão do parágrafo que permite o
início de uma campanha militar.
Diplomatas americanos disseram estar trabalhando com o Reino Unido -que apóia Washington- e com a França para superar o impasse e formular documento capaz de agradar a todos.
Paris propõe um processo em
duas etapas: primeiro, Saddam teria a chance de colaborar com as
inspeções. Só depois, se as missões fracassassem, o CS aprovaria
nova resolução autorizando uma
campanha militar.
"Nossa impressão é que o Departamento de Estado está buscando um compromisso (...) Eles
estão percebendo que a proposta
[dos EUA" não é tão popular
quanto poderia ter sido", disse
um diplomata ocidental na ONU.
Mais acusações
Os EUA renovaram a carga de
suas acusações contra Saddam
ontem ao divulgar um relatório
da CIA que diz que o Iraque continua desenvolvendo secretamente
armas químicas e biológicas, além
de mísseis de alcance superior ao
autorizado pela ONU.
O relato -que não traz grandes
novidades em relação ao dossiê
divulgado pelo premiê britânico,
Tony Blair- diz que Bagdá poderia ter uma arma nuclear dentro
de um ano se conseguisse comprar no exterior material físsil.
Bush fará na noite de segunda-feira um discurso à nação de 20
minutos explicando por que os
EUA se preparam para agir contra o Iraque. "Alguns podem dizer: "Há muitos bandidos por aí.
Por que este [Saddam" é diferente?'", disse um alto funcionário do
governo americano. "O presidente vai responder a essa questão."
Segundo uma porta-voz do Departamento da Defesa americano,
o Iraque já começou a adotar preparativos para a volta dos inspetores de armas da ONU ao país,
escondendo os seus armamentos.
O Iraque chegou a um acordo
esta semana com os órgãos responsáveis pelas inspeções de seus
arsenais para a retomada dos trabalhos, interrompidos em 1998.
Entretanto o chefe dos inspetores de armas, Hans Blix, e o diretor da Agência Internacional de
Energia Atômica, Mohamed El
Baradei, que pretendiam enviar
uma primeira equipe a Bagdá em
19 de outubro, decidiram aguardar uma definição sobre a nova
resolução do CS antes de reiniciar
as inspeções.
Com agências internacionais
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