São Paulo, sábado, 05 de outubro de 2002

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EUROPA

Bloco poderá ter 25 países em 2004, segundo fonte

Comissão Européia deverá abrir as portas para 10 novas adesões à UE

MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO

Na próxima quarta-feira, a Comissão Européia deverá dar parecer favorável à entrada de dez países na União Européia (UE), que, de acordo com a instituição, respeitam os critérios estabelecidos para a adesão, segundo fontes ligadas à UE. Estas admitiram que a Turquia não apenas estará fora da primeira onda de expansão mas também ficará sem data marcada para o início de suas negociações com o bloco continental.
O órgão executivo da UE recomendará a entrada da Polônia, da Hungria, da República Tcheca, da Eslováquia, da Eslovênia, da Lituânia, da Letônia, da Estônia, de Malta e de Chipre. Também indicará 2007 como objetivo para a adesão da Romênia e da Bulgária.
"A situação da Turquia é complexa. Há preocupação com os abusos aos direitos humanos cometidos no país. Mas essa questão começou a ser resolvida em agosto, quando Ancara tomou medidas ousadas, como o fim da pena de morte", apontou Anne-Marie Le Gloannec, especialista em UE do Centro Marc Bloch (Berlim).
"Além disso, a transformação da pena de morte do líder curdo Abdullah Ocalan em prisão perpétua também influenciou positivamente a UE. Contudo há uma corrente influente em Bruxelas e em alguns países do bloco que crê que a Turquia ainda seja muito distante e demasiado diferente dos outros membros da UE."
Mesmo assim, o vice-premiê turco, Mesut Yilmaz, mostrou-se otimista quanto as chances de seu país. "Caberá aos chefes de Estado e de governo definir uma data para a entrada da Turquia no bloco, não à Comissão Européia." Segundo Le Gloannec, os burocratas europeus não quiseram pronunciar-se por conta da decisiva eleição legislativa turca de 3 de novembro próximo.
Um teste para as chances da Turquia será a negociação sobre Chipre. Desde 1974, a ilha é dividida em duas partes: uma majoritária -e reconhecida internacionalmente-, controlada pelos habitantes de origem grega; outra minoritária, controlada pela população de origem turca. "A UE não exige a reunificação, mas, se for necessário, aceitará apenas a parte grega", disse Le Gloannec.
Apesar dos esforços da Comissão Européia, sabe-se, em Bruxelas, que a não-aprovação do Tratado de Nice (2000) pela Irlanda, num referendo que será realizado em 19 de outubro próximo, poderá alterar o calendário.
A Irlanda, cuja população já rejeitou o Tratado de Nice -que prevê a adaptação das instituições européias para permitir as novas adesões- uma vez, é o único país que depende do crivo popular para aprová-lo. Os outros 14 Estados só têm votação no Parlamento.
Esperava-se que quatro ou cinco países fizessem parte da primeira onda de expansão. A provável mudança indica que o valor político das adesões é alto. Porém esse é só um dos desafios da ampliação. Restam a reforma da Política Agrícola Comum, a criação da força de reação rápida, a adaptação dos fundos estruturais etc.


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