São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

EUA lançam novos ataques contra Sadr City e Fallujah, onde pelo menos 11 pessoas foram mortas

Carros-bomba matam 26 em Bagdá e Mossul

DA REDAÇÃO

Explosões de carros-bomba mataram ao menos 26 pessoas em diferentes episódios em Bagdá e em Mossul (norte) ontem. Já as forças dos EUA mantiveram as ações contra cidades controladas por insurgentes. Em um novo ataque aéreo americano, 11 pessoas foram mortas em Fallujah.
O alvo de um dos carros-bomba ontem foi a entrada da zona verde -região de Bagdá que abriga a embaixada americana e vários prédios do governo iraquiano. Pelo menos 15 pessoas morreram e 80 ficaram feridas.
Uma hora mais tarde, um segundo carro-bomba explodiu, atingindo um comboio de três veículos que deixava um estacionamento que é utilizado por hotéis de luxo.
Tanto a zona verde quanto a área dos hotéis já foram alvo de outros atentados no passado.
Dois carros-bomba explodiram em Mossul, no norte do Iraque, a 360 km de Bagdá. Um deles explodiu perto de uma escola primária, matando cinco pessoas, incluindo duas crianças.
A segunda explosão tinha como alvo um comboio de veículos militares americanos. Um soldado dos EUA ficou ferido na explosão.
Nenhum militar americano morreu nos ataques de ontem.
O presidente dos EUA, George W. Bush, comentou os atentados em discurso de campanha em Des Moines (Iowa). "Estamos lidando com um inimigo que não tem consciência. Hoje um carro-bomba explodiu perto de uma escola. Essas pessoas são brutais."
Os EUA estão preparando grandes operações para assumir o controle de todas as cidades nas mãos de insurgentes antes das eleições de janeiro. Após Samarra, onde ocorreu ampla operação americana no fim de semana, os próximos alvos devem ser as cidades de Fallujah e Ramadi, além da área de Sadr City, em Bagdá.
Ontem a região de Sadr City, considerada um bastião do clérigo xiita Moqtada al Sadr, sofreu novo ataque aéreo dos EUA. Não há informação de vítimas. Há relatos de que também ocorriam combates terrestres.
As constantes ações aéreas dos EUA em Fallujah, como a de ontem, visam, segundo autoridades americanas, atingir forças leais ao terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi, considerado um dos principais mentores das ações anti-EUA no Iraque.
O comando militar americano anunciou ontem que o governo interino do Iraque construirá 300 postos fronteiriços e dobrará o total de tropas nas divisas do país para tentar impedir o fluxo de insurgentes e de armas.

Rumsfeld
O secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, disse ontem que tinha conhecimento de que não havia "evidências fortes" ligando Saddam Hussein Al Qaeda. A afirmação ocorre apesar de ele ter descrito contatos entre o ex-ditador e a rede terrorista antes da invasão americana, em 2003.
O ministro da Defesa da Polônia, Jerzy Szmajdzinski, afirmou que o país pode retirar as tropas do Iraque até o fim de 2005. O premiê polonês, Marek Belka, disse, porém, que não foi consultado sobre o tema. Horas mais tarde, o presidente Aleksander Kwasniewski disse que não há decisão final sobre o tema, mas acrescentou que o governo considera uma retirada no fim do ano que vem.
Pesquisa divulgada ontem pelo Centro Iraquiano de Pesquisa e Estudos Estratégicos indica que 66,8% dos iraquianos estão propensos a votar nas eleições de janeiro. O número indica uma queda de 22 pontos percentuais em relação a junho.

Petróleo por comida
Relatório de investigação do Congresso dos EUA concluiu que Rússia, França e China bloquearam tentativas dos governos americano e britânico de investigar denúncias de corrupção no programa Petróleo por Comida no Iraque, conforme publicou ontem o jornal "New York Times".
O principal motivo, segundo o documento, é que companhias dos três países "tinham muito a ganhar com a manutenção" da situação. Administrado pela ONU entre 1996 e 2003, o programa permitia o Iraque vender uma quantidade limitada de petróleo para a compra de alimentos para a população. O programa movimentou US$ 65 bilhões.


Com agências internacionais


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