São Paulo, sexta-feira, 05 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

3.200 presos em mina são resgatados na África do Sul

Sindicato acusa empresa proprietária de negligenciar inspeção de segurança

Alguns mineiros ficaram por 30 horas no subsolo; após acidente, governo estuda mudança nas exigências de segurança para o setor

DA REDAÇÃO

Foram resgatados com vida os 3.200 trabalhadores presos anteontem em uma mina de ouro a 80 km de Johannesburgo, na África do Sul, após uma pane nos cabos elétricos do elevador principal. Alguns ficaram quase 30 horas no subsolo, onde a temperatura chegava a 40ºC. Não havia comida ou água, segundo Sethiri Thibile, 32, um dos primeiros mineiros retirados.
A Harmony Gold -dona da mina de Elandsrand, onde ocorreu o acidente- afirma que todos estão bem. A porta-voz da companhia disse que comida e água foram providenciadas assim que a equipe de resgate retomou o contato com os trabalhadores, cerca de 12 horas após a pane nos cabos.
Um elevador de carga foi usado para trazer os trabalhadores à superfície, mas a capacidade reduzida, de 75 pessoas por vez, tornou o trabalho lento. Eles chegaram "estressados, exaustos, mas aliviados por sair", disse Peter Bailey, diretor de saúde e segurança do Sindicato de Mineiros da África do Sul.
Foi o acidente com maior número de envolvidos já ocorrido no país, onde 440 mil trabalham na mineração -cujos negócios tornam a bolsa de valores de Johannesburgo a 10ª do mundo. As minas da África do Sul, principal produtora mundial de ouro, platina e diamante, atraem, inclusive, imigrantes de outras nações africanas.
A Harmony, quinta empresa mundial no setor, é acusada pelo sindicato de negligenciar as inspeções de segurança. Na semana passada, o procedimento teria sido feito em apenas meia hora no poço onde ocorreu o acidente, e não durante um dia inteiro -tempo de rotina, segundo Bailey.
O presidente da companhia, Patrice Motsepe, prometeu melhorar as condições de segurança. "Nós temos que nos comprometer, mais uma vez, a nos focar em segurança neste país; nosso histórico, como companhia e como indústria, deixa muito a desejar", afirmou. Outra mina está sendo escavada sob as instalações onde ocorreu o acidente, fechadas apenas temporariamente.
Após uma visita ao local, a ministra de Minerais e Energia, Buyelwa Sonjica, disse que pretende tornar mais rígida a legislação para o setor. "Não digo que seja uma crise, dado que a mineração é por natureza perigosa e portanto acidentes como este vão acontecer, mas acho que há espaço para melhorias."
No ano passado, cerca de 200 mineiros sul-africanos morreram em acidentes.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Professores fazem greve para lembrar assassinato de colega
Próximo Texto: Queda de avião mata ao menos 23 no Congo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.