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Agora ilegal, doação a partido que
beneficia candidato bate recorde
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Nas últimas eleições em que podem aceitar "soft money" (fundos
que, em tese, vão para os partidos,
não para a campanha de seus candidatos), republicanos e democratas baterão o recorde de arrecadação desse tipo de doação,
atingindo uma soma superior a
US$ 500 milhões, segundo analistas ouvidos pela Folha.
"Depois que a nova lei de financiamento das campanhas eleitorais foi aprovada pelo Congresso,
em março passado, ambos os partidos admitiram que tentariam
arrecadar o máximo de "soft money" possível, pois isso não será
mais permitido", afirmou Steven
Weiss, porta-voz do Center for
Responsive Politics, um instituto
independente que monitora campanhas eleitorais nos EUA.
"Na prática, isso significa que
eles contataram seus doadores
tradicionais de "soft money" e disseram: "Se vocês realmente nos
apóiam, não deixarão de contribuir para que arrecademos o máximo possível na última vez em
que podemos fazê-lo.'"
Estatísticas divulgadas em meados de outubro mostraram que,
combinados, republicanos e democratas já tinham arrecadado
mais de US$ 450 milhões em "soft
money", o que indica que o montante deverá ultrapassar os US$
500 milhões recebidos na campanha para as eleições de 2000.
Essa constatação corrobora os
argumentos dos detratores do financiamento via "soft money".
Para eles, embora a lei não permita que as campanhas sejam financiadas dessa forma, isso é uma
prática comum nos EUA. "Essas
doações só deveriam ser usadas
em atividades que visam a fortalecer o partido como um todo, não
em campanhas", disse Weiss.
Essa lei, votada em 1972, criou
uma agência federal responsável
pelo monitoramento do financiamento das campanhas eleitorais
nos EUA. Contudo, de acordo
com John Bonifaz, diretor do Instituto Nacional de Direitos dos
Eleitores (de Boston), os textos legais "não coíbem a corrupção".
Para Weiss, a nova lei de financiamento de campanhas também
poderá ser contornada. "Grupos
de interesse que apóiam um partido, como os sindicatos, poderão
continuar a receber fundos para
defender suas causas. Assim, eles
poderão compensar as perdas decorrentes da proibição do financiamento via "soft money"."
Ademais, algumas formas de
doação similares às que serão banidas não serão proibidas a agremiações estaduais. Com isso, os
dois partidos deverão criar organizações estaduais para continuar
a receber essas doações.
Cerca de 50% dos fundos arrecadados pelos partidos e pelos
candidatos na campanha são destinados ao pagamento da propaganda eleitoral na TV, que, nos
EUA -diferentemente do que
ocorre no Brasil-, não é gratuita.
Na eleição presidencial brasileira, em conjunto, a Coligação Lula
Presidente (de Luiz Inácio Lula da
Silva) e a Coligação Grande Aliança (de José Serra) tiveram uma
previsão de gastos de US$ 30,4
milhões. Só na atual disputa senatorial da Carolina do Norte, até
meados de outubro, os dois principais candidatos despenderam
US$ 20,6 milhões entre "soft money" e fundos doados especificamente para suas campanhas.
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