São Paulo, terça-feira, 05 de novembro de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Oposição não consegue derrubar governo; palestino se explode em shopping de Israel e choques matam 7 palestinos

Sharon vence no Parlamento; suicida mata 2

DA REDAÇÃO

O premiê de Israel, Ariel Sharon, venceu moção de desconfiança ontem no Knesset (Parlamento) a que foi submetido após ter perdido, na semana passada, a maioria para governar. Pouco antes da votação, um suicida palestino se explodiu em um shopping aberto em Kfar Saba, perto de Tel Aviv, matando pelo menos dois israelenses e ferindo dezenas.
A vitória de Sharon no Knesset ocorreu graças à abstenção do partido Israel Beiteinu. Como o Parlamento israelense possui 120 cadeiras, seus opositores precisavam de pelo menos 61 votos para derrubar o governo do premiê. Obtiveram 58.
"Mesmo que o governo não tenha caído hoje, cairá na semana que vem", disse Yossi Sarid, líder do partido Meretz (esquerda), que levou a moção de desconfiança à votação.
A coalizão de Sharon possui 55 representantes no Knesset. O premiê perdeu a maioria na semana passada, quando os 25 membros do Partido Trabalhista deixaram o governo, entre eles os ex-ministros Shimon Peres, das Relações Exteriores, e Binyamin Ben Eliezer, da Defesa.
Eles divergiam sobre a destinação de uma verba de US$ 145 milhões que Sharon quer direcionar para assentamentos judaicos nos territórios palestinos ocupados. Os trabalhistas queriam que o dinheiro fosse para áreas sociais.
Sharon negocia agora a entrada do União Nacional-Israel Beiteinu (7 deputados) no governo. O premiê enfrenta divergências dentro de seu partido, o Likud. O ex-premiê Binyamin "Bibi" Netanyahu (1996-99) repetiu ontem que somente aceita o cargo de chanceler, para o qual foi convidado por Sharon, se novas eleições forem convocadas em breve.
O premiê disse não ter ficado satisfeito com a condição, mas que ainda analisaria as condições de Netanyahu, que busca reassumir a liderança do Likud e, assim, voltar a ser primeiro-ministro em caso de vitória nas eleições.

Explosão
O grupo extremista Jihad Islâmico assumiu a autoria do atentado de ontem. O terrorista que cometeu o ataque foi identificado como Nabil Sawalha, 20. Ele seria da cidade palestina de Qalqylia (Cisjordânia), que fica perto da divisa com Israel e de Kfar Saba. A explosão aconteceu diante de uma loja de materiais eletrônicos, que ficou destruída. Um dos mortos é o segurança da loja, que impediu a entrada do terrorista.
O atentado ocorreu no dia em que o ex-comandante linha-dura das Forças Armadas Shaul Mofaz assumiu o Ministério da Defesa.
David Baker, assessor de Sharon, disse que o atentado "demonstra que o terror palestino não tem limites e visa especificamente civis inocentes".
A ANP (Autoridade Nacional Palestina) não se manifestou sobre o ataque de ontem.
Em Nablus (Cisjordânia), um militante do grupo extremista Hamas e outro palestino foram mortos na explosão de um carro. Autoridades palestinas acusaram Israel. Os israelenses negaram envolvimento.
Em três incidentes separados, cinco palestinos foram mortos por soldados israelenses na faixa de Gaza. A ANP disse que todos eram civis. Israel afirma que eles estavam armados e morreram em choques com os soldados. Ao menos 1.645 palestinos e 623 israelenses morreram desde a eclosão da Intifada (o levante palestino contra a ocupação israelense), iniciada em setembro de 2000.


Com agências internacionais


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