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Terrorismo é ameaça ao futuro político de Sharon, diz analista
MARCELO STAROBINAS
DA REDAÇÃO
O premiê israelense, Ariel Sharon, seria o maior prejudicado em
caso de nova onda de atentados
palestinos -como o de ontem,
em Kfar Saba. Essa é a opinião de
Leslie Susser, analista político da
revista "The Jerusalem Report".
Pressionado pelos EUA a agir
com moderação na repressão aos
terroristas palestinos -para não
atrapalhar os planos de Washington de atacar o Iraque- Sharon
poderia perder pontos na disputa
com o seu maior rival no partido
Likud: o ex-premiê Binyamin "Bibi" Netanyahu. Leia trechos da
entrevista que Susser concedeu
ontem, por telefone, à Folha.
Folha - Quem mais perde no cenário político israelense em caso de
nova escalada do terrorismo?
Susser - Isso provavelmente afetaria Sharon. Seria muito difícil
para ele responder com todo o
poderio militar, em razão das exigências americanas para que
mantenha o conflito em segundo
plano até um ataque ao Iraque.
E, mesmo se reagir com força, o
terror continuaria. Sharon teria,
então, Netanyahu, à direita, dizendo ter melhores soluções para
o problema, e os trabalhistas, à esquerda, criticando a sua atuação.
Folha - Sharon e Netanyahu vão
trabalhar juntos no governo?
Leslie Susser - Acho improvável.
Sharon ofereceu o posto de chanceler a ele, mas "Bibi" apresentou
uma série de condições que Sharon não quer aceitar.
O convite feito por Sharon foi
uma manobra para constranger o
rival. "Bibi" ficou numa posição
em que, se dissesse "sim", passaria a ser o número dois de Sharon.
Se dissesse "não", seria visto como alguém que se negou a ajudar
a nação em crise. "Bibi" reagiu de
forma inteligente e impôs muitas
condições para virar ministro.
Agora fica a cargo de Sharon dizer
sim ou não. E Sharon já deixou
claro que não pretende aceitar nenhuma dessas condições.
Folha - O governo vai conseguir
formar maioria parlamentar após a
saída dos trabalhistas da coalizão?
Susser - Parece que as negociações de Sharon com o partido de
extrema direita União Nacional-Israel Beiteinu não levarão a um
acordo, porque eles também estão impondo condições. A principal delas é que, após as eleições, o
governo seja composto por uma
maioria de direita. Eles não querem aderir e depois, se Sharon for
reeleito, vê-lo optar novamente
por um governo de união nacional [com o Partido Trabalhista].
Folha - Israel terá, então, eleições
antecipadas?
Susser - Sim, mas elas não devem ser dentro de 90 dias. Após
acordo entre Sharon e os trabalhistas, teremos eleição provavelmente em março ou perto disso.
Folha - Quem sairia mais beneficiado na hipótese de eleições antecipadas, Sharon ou Netanyahu?
Susser - Depende de quão cedo
elas ocorram. Se for já nos próximos dois meses, "Bibi" tem ligeira
vantagem sobre Sharon na disputa pela liderança do Likud. Sharon
espera que as eleições demorem o
suficiente para que um ataque dos
EUA contra o Iraque aconteça antes delas. Com isso, surgiria como
um líder capaz de manter o país
unido durante uma guerra e aumentaria suas chances de derrotar "Bibi" nas primárias do Likud.
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