São Paulo, quinta, 5 de novembro de 1998

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ELEIÇÕES NOS EUA
Oposição mantém maioria nas duas casas do Congresso, mas perde 5 deputados em voto favorável à Casa Branca
Clinton ganha com avanço democrata

JOÃO BATISTA NATALI
enviado especial a Washington

Ao fim da apuração das eleições norte-americanas, na madrugada de ontem, saiu um Congresso parecido ao da atual legislatura. Mas a não confirmação de um previsível avanço republicano acabou fortalecendo o Partido Democrata e seu mais importante filiado, o presidente Bill Clinton.
O detalhe é de peso, porque sinaliza na direção do arquivamento do processo de impeachment detonado pelo escândalo sexual em que o presidente se envolveu.
Republicanos e democratas mantiveram o número de cadeiras que já possuíam no Senado, ou seja, 55 a 45. Foram disputadas 34 das 100 cadeiras da casa.
Mas os republicanos pretendiam conquistar mais cinco, para obter a maioria de bloqueio da pauta das votações, ou, na melhor das hipóteses, mais 12, atingindo com isso o quorum necessário para desalojar Clinton da Casa Branca.
Na Câmara do Representantes (deputados), onde todas as 435 cadeiras foram renovadas, os democratas progrediram ligeiramente -passaram de 206 para 211-, enquanto os republicanos -de 228 para 223-, mesmo diminuindo a bancada de tamanho, mantêm a maioria. Há um deputado, reeleito, sem partido.
O presidente da Câmara, o republicano Newt Gingrich, declarou que "será esta a primeira vez, em 70 anos, que nosso partido mantém a maior bancada por três legislaturas seguidas".
Em termos de referencial histórico, seus adversários retrucavam que desde 1934 o partido do presidente não registrava ganhos numa eleição legislativa realizada no meio de seu mandato. Foi o que declarou Roy Romer, presidente dos democratas.
Os principais jornais norte-americanos, como o "The New York Times" e o "The Washington Post", deram manchete para o que consideraram uma clara vitória democrata.
Nos últimos seis meses, com a evolução do escândalo do relacionamento amoroso entre Clinton e a ex-estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky, os republicanos chegaram a prever, agora para novembro, a eleição de até 40 novos deputados em distritos ocupados pelos democratas.
Clinton envolveu-se diretamente em duas disputas para o Senado, que por isso mesmo ganharam dimensão plebiscitária. Apoiou em Nova York o democrata Charles Schumer, que acabou derrotando o republicano Al D'Amato, partidário do impeachment.
Na Califórnia, empenhou-se pela democrata Barbara Boxer, cunhada de sua mulher, Hilary, acusada de conivência com a família Clinton no escândalo sexual. Ela foi reeleita com certa folga.
O presidente e seu partido, segundo a CNN, conseguiram mobilizar eleitores que se preparavam para exercer o direito de não votar. Com isso, os democratas reelegeram 32 de um grupo de 36 deputados, em distritos em que as pesquisas os davam como seriamente ameaçados. Conseguiram, além disso, avançar sobre bases tradicionais republicanas.
Foram anteontem também eleitos 36 dos 50 governadores norte-americanos. Os democratas mantiveram o controle do mesmo número de Estados -com a vantagem de terem conquistado o maior deles, a Califórnia- enquanto os republicanos saem da eleição com um governador a menos.
Um governador eleito e outro reeleito não pertencem a nenhum dos dois grandes partidos. São chamados de independentes.



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