São Paulo, Quinta-feira, 06 de Janeiro de 2000


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ANÁLISE
Fidel Castro capitaliza vitória política

de Nova York

A volta de Elián a Havana deve dar a Fidel Castro uma preciosa oportunidade de aparecer em Cuba como vitorioso ao final de mais uma crise diplomática.
"Não há dúvida de que Castro vai capitalizar o fato ao máximo, usando a volta do menino para cantar vitória", afirma David Abraham, especialista em imigração cubana da Universidade de Miami.
No entanto, para Abraham, a situação foi criada pelo próprio governo dos EUA, que poderia ter agido antes que uma crise se formasse. "Se fosse de qualquer outro país, o menino já teria sido devolvido. Mas, por uma questão de política interna, o governo demorou muito a decidir e deu chance a Castro para sair como vencedor."
A comunidade cubana tem forte influência sobre a política na Flórida, Estado que tem peso importante nas eleições presidenciais dos EUA.
Ela tende a votar nos candidatos republicanos, que se opõem mais a Castro que os democratas. Nas eleições passadas, no entanto, o fato de os cubanos não terem sido homogêneos no voto republicano foi considerado importante para a reeleição de Bill Clinton.
De janeiro até março que vem, os pré-candidatos a presidente disputam as indicações por seus partidos e, a partir de março, entram em campanha para a eleição que ocorre no final do ano.
"Não se pode dizer que Clinton estivesse querendo agradar a comunidade cubana. Mas está claro que Clinton procurava não ofendê-los demais, para não prejudicar (o vice-presidente) Al Gore", afirma Abraham.
Na opinião do professor, não é possível avaliar com objetividade, dos Estados Unidos, o quanto o desfecho da crise favoreceu Castro politicamente dentro de Cuba.
"Pelo que vemos daqui, não dá para saber quantos daqueles milhares de pessoas foram às ruas por vontade própria ou convocadas pelo governo. O que se pode afirmar é que os exilados cubanos não são tão populares em seu país como imaginavam." (MG)


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