São Paulo, domingo, 06 de janeiro de 2002

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Presidente paquistanês surpreende e cumprimenta o premiê indiano

DA REDAÇÃO

Num gesto dramático de relações públicas, o presidente paquistanês, general Pervez Musharraf, apertou a mão do premiê indiano, Atal Behari Vajpayee, em encontro regional em Katmandu (Nepal), numa tentativa de acalmar a tensão entre os dois países com capacidade nuclear.
O Paquistão anunciou ainda que prendeu mais 200 militantes islâmicos ontem, continuando uma ofensiva contra os grupos extremistas que a Índia culpa pelo ataque terrorista contra seu Parlamento em Nova Déli, em 13 de dezembro, com saldo de 14 mortos (incluindo cinco terroristas).
Musharraf concluiu seu discurso na cúpula da Associação do Sul da Ásia para a Cooperação Regional dizendo que deseja "estender a mão com sincera e genuína amizade ao primeiro-ministro Vajpayee". Ele então deixou o pódio e se dirigiu a Vajpayee, sob aplausos calorosos. Parecendo surpreso, o indiano apertou a mão do paquistanês. "Eu apertei a mão dele em sua presença", disse Vajpayee aos presentes. "Agora o presidente Musharraf deve dar continuidade a esse gesto não permitindo nenhuma atividade no Paquistão que possibilite a terroristas a execução de atos de violência na Índia", concluiu.
Mas, apesar da pressão internacional, Vajpayee minimizou as chances de diálogo com o Paquistão, dizendo que a Índia foi traída em encontros bilaterais no passado. Já um porta-voz da Chancelaria indiana, Nirupama Rao, chamou a atitude de Musharraf de "gesto teatral para a TV". "Nosso premiê deixou claro que meros gestos como o que vimos hoje [ontem" não bastam", disse o porta-voz indiano.
Vajpayee disse em seu discurso no encontro que seu país quer ver mais ações do Paquistão contra os grupos separatistas que atuam na Caxemira indiana, com bases e representantes em território paquistanês. A região, de maioria islâmica como o Paquistão (a Índia tem maioria hindu), é disputada pelos dois países, e Nova Déli acusa o governo de Islamabad de apoiar atividades terroristas de grupos islâmicos separatistas.
Índia e Paquistão concentraram tropas e armas em suas fronteiras desde o ataque ao Parlamento indiano, num dos momentos de maior tensão entre os países desde sua independência do Reino Unido, em 1947.
Londres e Washington pressionam os dois lados pelo fim da crise, em parte temendo que ela atrapalhe a ofensiva no vizinho Afeganistão, mas também temendo que ela cause um conflito nuclear.
O premiê britânico, Tony Blair, está visitando a região. Ele deve encontrar os líderes indianos hoje e depois seguir ao Paquistão.
Além de ampliar sua presença militar ao longo da fronteira, Nova Déli e Islamabad reduziram as relações diplomáticas e suspenderam as viagens feitas por aviões, trens e ônibus entre os dois países.


Com agências internacionais


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