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Pentágono criará comando só para a África
ERIC LESER
DO "MONDE", EM NOVA YORK
O Pentágono pretende criar
este ano um sexto e novo comando regional específico para
a África, a ser intitulado US
Africa Command, ou Africom.
"O objetivo é evitar o surgimento de novo Afeganistão",
explica Joe Carpenter, porta-voz do Departamento da Defesa norte-americano.
O Chifre da África é de importância crescente para a administração americana.
A região é considerada estratégica, tanto para conter o terrorismo islâmico quanto para
evitar que "Estados falidos",
como a Somália, se tornem santuários para a Al Qaeda e, de
maneira mais clássica, para
controlar a região próxima ao
Golfo Pérsico e proteger as rotas petrolíferas.
Memória sangrenta
Os EUA já sofreram vários
ataques nessa região e guardam
uma lembrança dolorosa da intervenção de cunho humanitário na Somália, batizada de
"Restore Hope" (restaurar a esperança). Lançada em 9 de dezembro de 1992 com muita fanfarra, diante das câmeras de televisão, ela terminou em 31 de
março de 1994 com a retirada
das forças americanas sob o fogo de milícias tribais.
Em 7 de agosto de 1998, a Al
Qaeda lançou ataques sangrentos contra as embaixadas dos
EUA em Nairóbi (Quênia) e
Dar es Salaam (Tanzânia), deixando um saldo de 257 mortos.
Em 12 de outubro de 2000, em
Aden, o contratorpedeiro USS
Cole foi atingido por uma embarcação carregada de explosivos, num atentado suicida, e 17
marinheiros foram mortos. O
cérebro da operação, Khaled
Sheikh Mohammed, seria o
mesmo dos ataques de 11 de setembro de 2001.
A importância do Chifre da
África para Washington é ilustrada pelas centenas de milhões de dólares fornecidos aos
aliados dos Estados Unidos na
região (Etiópia, Iêmen e Quênia) e pelo aumento da presença militar americana, por intermédio da Força-Tarefa Conjunta Chifre da África.
Estacionada no campo Lemonnier, antiga base da Legião
Estrangeira, essa força foi criada em outubro de 2002 pelo
Comando Central americano
para, em suas palavras, "conduzir operações, treinar e assistir
os países anfitriões a combater
o terrorismo, para assegurar
um ambiente seguro e a estabilidade regional".
Auxiliados por vários países
aliados, entre eles a França,
1.500 soldados americanos
operam a partir dessa base.
Eles organizam a "guerra contra o terrorismo" no Quênia, na
Somália, no Sudão, na Eritréia,
na Etiópia, no Iêmen e até mesmo em Uganda e na Tanzânia.
Fuzileiros navais americanos
intervieram em Somalilândia
(norte da Somália) e no norte
do Quênia.
"Policial"
No plano diplomático, a administração Bush se aproximou da Etiópia (74 milhões de
habitantes), procurando fazer
desse país seu principal aliado e
"policial" da região. Cem militares americanos treinam as
tropas etíopes, e Washington
dá pleno apoio à incursão armada etíope na Somália, que os
EUA teriam apoiado com
aviões de reconhecimento.
O general John Abizaid, chefe demissionário do Comando
Central, viajou a Adis Abeba em
dezembro e se reuniu com o
primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi. Duas semanas mais
tarde, a Etiópia oficializou sua
entrada em guerra com a Somália.
TRADUÇÃO DE CLARA ALLAIN
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