São Paulo, sábado, 06 de janeiro de 2007

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Congresso do Equador assume sob tensão

Dominado pela oposição, Parlamento rechaça nova Assembléia Constituinte, defendida por Correa

DA REDAÇÃO

Controlado pela oposição, o novo Congresso equatoriano foi obrigado ontem a mudar o lugar da posse e reforçar a segurança por causa de uma manifestação de simpatizantes do presidente eleito, o esquerdista Rafael Correa, cuja posse está marcada para o próximo dia 15.
Ao longo da campanha, Correa fez duros ataques ao Congresso e proibiu que seu partido, o recém-fundado Alianza Pais, lançasse candidatos ao Legislativo. Sua principal proposta é a convocação, via referendo, de uma Assembléia Constituinte, idéia rejeitada pelos partidos oposicionistas. Correa quer formalizar a convocação logo no dia de sua posse.
A tropa de choque protegeu a sessão inaugural do Congresso, enquanto, do lado de fora, cerca de 150 simpatizantes de Correa seguravam cartazes e figuras de ratos, em alusão aos cem parlamentares que tomaram posse -o Parlamento equatoriano é unicameral. Apesar do ambiente tenso, não houve registro de violência ou de prisões.
A cerimônia estava marcada para ocorrer no recém-reformado prédio do Congresso, mas, por precaução, foi transferida para a antiga sede do Banco Central, onde vinha funcionando provisoriamente.
O Equador é um dos países mais instáveis da América Latina. Os últimos três presidente eleitos foram afastados do poder pelo Congresso, com o aval das Forças Armadas e pressionados por manifestações de rua.
Correa tem o apoio de uma minoria no Congresso, formada por parlamentares de esquerda e de centro-esquerda filiados a outros partidos. Ao menos 70% dos novos congressistas se opõem ao referendo proposto pelo presidente eleito, sob o argumento de que a atual Constituição não permite.
Com 28 parlamentares, a maior bancada é do Partido Renovador Institucional de Ação Nacional (Prian), liderado pelo megaempresário Álvaro Noboa, que perdeu no segundo turno para Correa. Em seguida, está o Partido Sociedade Patriótica (PSP), do ex-presidente Lucio Gutiérrez, com 24 cadeiras. A terceira bancada é do também oposicionista Partido Social Cristão (PSC), com 13 congressistas.
Na quarta-feira, Correa chamou a maioria oposicionista de "caudilhos" e "máfia política" e disse que "o povo não permitirá a imposição de uma ditadura da classe política tradicional".


Com agências internacionais


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