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ORIENTE MÉDIO
Lamia Maruf, detida desde 1986 pela morte de um soldado, está novamente na iminência de ser solta
Brasileira pode ser libertada em Israel
IGOR GIELOW
da Reportagem Local
Está tudo pronto para a libertação da amazonense Lamia Maruf
Hassan, 32, a única presa política
entre os cerca de 900 brasileiros
detidos no exterior.
Lamia está presa desde 1986 em
Israel, tendo sido condenada à prisão perpétua por cumplicidade no
assassinato de um soldado israelense dois anos antes. Como nas
outras vezes em que sua libertação
parecia iminente, o atraso devido a
imprevistos já está ocorrendo.
A última vez foi em agosto do
ano passado, quando a ``iminência'' durou quase dez dias.
`Visitei Lamia na cadeia e ela está
confiante'', afirmou o advogado
da brasileira, Airton Soares, que se
encontra em Tel Aviv.
A confiança vem do acordo em
que Israel cedeu à Autoridade Nacional Palestina 80% do controle
de Hebron, que prevê solução rápida para a questão das prisioneiras. O imprevisto, constante no caso Lamia, desta vez foi o acidente
com os helicópteros militares (leia
texto nesta página).
Para a opinião pública do país,
seria complicado digerir a libertação de condenadas por ligação
com assassinatos de soldados no
momento em que são enterrados
sete dezenas de militares. Com isso, a previsão da libertação para
hoje à noite ficou em suspenso.
A libertação das prisioneiras palestinas é um dos fundamentos dos
acordos de Oslo, que delinearam o
processo de paz entre palestinos e
israelenses a partir de 1994.
No segundo artigo do anexo 7º
do acordo referente à Cisjordânia
ocupada desde 1967, é pedida a
soltura de todas as prisioneiras.
Sob o governo trabalhista de Yitzhak Rabin e, depois, Shimon Peres, as libertações começaram.
No ano passado, com a eleição
do governo conservador do premiê Binyamin Netanyahu, o processo de libertação foi congelado.
Sobraram presas cinco mulheres, envolvidas em assassinatos.
Em julho passado, Israel mandou soltar as duas condenadas pela Justiça Civil. Uma voltou à cadeia em solidariedade às outras
três presas pela Justiça Militar, por
terem sido detidas em território
ocupado -uma delas Lamia.
Em 1984, morando em Ramallah
(Cisjordânia), Lamia usou seu
passaporte brasileiro para alugar
um carro com placas israelenses.
Dirigindo, deu carona para um
soldado judeu, que foi dominado
pelo marido de Lamia e outro palestino escondidos no carro.
A negociação entre sequestradores, sem Lamia, e Israel falhou e
eles mataram o soldado. Dois anos
depois, o governo localizou os envolvidos. Grávida, Lamia foi presa.
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