São Paulo, #!L#Domingo, 06 de Fevereiro de 2000


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Judeus temem ação de neonazistas

do enviado especial

O novo governo austríaco, integrado por um partido de extrema direita, é motivo de preocupação especial para um grupo de 20 mil habitantes do país.
Trata-se da comunidade judaica da Áustria. Se o dia-a-dia dos judeus já não era dos mais tranquilos -policiais guardam, 24 horas por dia, a entrada de todas as sinagogas no país, por exemplo-, o sentimento de insegurança certamente deve aumentar a partir de agora.
"Não poderia acontecer coisa pior a um país cheio de traumas do que a chegada de um extremista ao poder", afirma Charlon Grusscott, que faz parte do Centro Judaico de Viena, entidade que reúne 4.000 judeus.
Grusscott conta que muitos dos membros do centro com quem conversou nos últimos dias têm demonstrado preocupação.
"O maior risco não é o governo fazer algo contra os judeus. Isso não vai acontecer. O problema são grupos neonazistas, que podem se achar livres para fazer qualquer coisa, sem medo de serem punidos."
O comerciante judeu Boroitow Abo, dono de um supermercado, afirma que já sofreu com vandalismo praticado por neonazistas.
"Estou muito preocupado. Os vândalos que me atacaram, apesar de pertencerem a uma minoria, são vingativos. Temo que possam voltar", afirma Abo, que veio da Rússia há 15 anos.
Ele diz que apóia a decisão do governo de Israel de suspender contatos diplomáticos com a Áustria. "Era a coisa lógica a se fazer. Não se pode assistir a um absurdo destes sem tomar uma atitude", afirmou.
Outro representante da comunidade judaica, que não quis ser identificado, disse que está recomendando a amigos em Israel que não viagem à Áustria.
"Este país é agora o lugar mais perigoso do mundo para judeus. Até a Alemanha é mais segura", disse.
Ele diz que está frustrado por não poder participar do Encontro de Rabinos Europeus, que deveria acontecer em março, em Viena, mas foi cancelado como forma de protesto contra o novo governo. "Eu estava ajudando a organizar o encontro, mas não há clima para isso agora", afirmou.




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