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Judeus temem ação de neonazistas
do enviado especial
O novo governo austríaco, integrado por um partido de extrema
direita, é motivo de preocupação
especial para um grupo de 20 mil
habitantes do país.
Trata-se da comunidade judaica da Áustria. Se o dia-a-dia dos
judeus já não era dos mais tranquilos -policiais guardam, 24
horas por dia, a entrada de todas
as sinagogas no país, por exemplo-, o sentimento de insegurança certamente deve aumentar
a partir de agora.
"Não poderia acontecer coisa
pior a um país cheio de traumas
do que a chegada de um extremista ao poder", afirma Charlon
Grusscott, que faz parte do Centro Judaico de Viena, entidade
que reúne 4.000 judeus.
Grusscott conta que muitos dos
membros do centro com quem
conversou nos últimos dias têm
demonstrado preocupação.
"O maior risco não é o governo
fazer algo contra os judeus. Isso
não vai acontecer. O problema
são grupos neonazistas, que podem se achar livres para fazer
qualquer coisa, sem medo de serem punidos."
O comerciante judeu Boroitow
Abo, dono de um supermercado,
afirma que já sofreu com vandalismo praticado por neonazistas.
"Estou muito preocupado. Os
vândalos que me atacaram, apesar de pertencerem a uma minoria, são vingativos. Temo que possam voltar", afirma Abo, que veio
da Rússia há 15 anos.
Ele diz que apóia a decisão do
governo de Israel de suspender
contatos diplomáticos com a
Áustria. "Era a coisa lógica a se fazer. Não se pode assistir a um absurdo destes sem tomar uma atitude", afirmou.
Outro representante da comunidade judaica, que não quis ser
identificado, disse que está recomendando a amigos em Israel
que não viagem à Áustria.
"Este país é agora o lugar mais
perigoso do mundo para judeus.
Até a Alemanha é mais segura",
disse.
Ele diz que está frustrado por
não poder participar do Encontro
de Rabinos Europeus, que deveria
acontecer em março, em Viena,
mas foi cancelado como forma de
protesto contra o novo governo.
"Eu estava ajudando a organizar o
encontro, mas não há clima para
isso agora", afirmou.
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