UOL


São Paulo, quinta-feira, 06 de fevereiro de 2003

Próximo Texto | Índice

IRAQUE NA MIRA

Usando material colhido por serviços de inteligência, ele tenta convencer ONU e opinião pública a apoiar guerra

Powell usa fotos e fitas contra Saddam

Ray Stubblebine/Reuters
O secretário de Estado dos EUA, Collin Powell, mostra ampola que poderia conter aproximadamente uma colher de chá de antraz


DA REDAÇÃO

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, apresentou ontem ao Conselho de Segurança (CS) da ONU imagens de satélite e gravações de diálogos obtidos por serviços de inteligência que, segundo ele, provam que o Iraque faz esforços "sistemáticos" para esconder suas armas proibidas dos inspetores da organização.
Num discurso de 80 minutos preparado para convencer os outros países do CS e a opinião pública americana e mundial da necessidade de uma ação militar contra o ditador Saddam Hussein, Powell disse que a ONU não pode se eximir de desarmar o Iraque. "Saddam não parará diante de nada até que algo o detenha."
Bagdá se defendeu qualificando o discurso como um "show americano".
A julgar pela reação inicial de importantes países do CS, o discurso de Powell não conseguiu mudar sua resistência em apoiar uma guerra contra Saddam.
Segundo Powell, Bagdá incorre em nova "violação material" de resoluções da ONU como a 1441, aprovada em novembro, que determinou que os iraquianos deveriam cooperar ativamente com o seu desarmamento ou enfrentar "sérias consequências".
"Escrevemos a resolução 1441 para dar ao Iraque uma última chance. Até agora, o Iraque não a está aproveitando."
Sua apresentação incluiu informações provenientes de satélites espiões, grampos telefônicos e desertores e colaboradores iraquianos. Foram colhidas basicamente pela CIA (agência de inteligência do EUA), cujo diretor, George Tenet, estava sentado próximo a ele.
As primeiras "provas" exibidas foram fitas com supostos diálogos entre altos oficiais das Forças Armadas iraquianas. Neles, é possível identificar ações coordenadas para esconder armas de destruição em massa dos inspetores.
"Esses esforços para esconder as coisas dos inspetores não são um ou dois eventos isolados, pelo contrário", alegou Powell. "Isso faz parte de uma política de subterfúgio e enganação que já dura 12 anos, uma política ditada pelos mais altos níveis do regime."
Powell disse ainda que Saddam está escondendo mísseis no oeste do país, testou armas químicas em prisioneiros e autorizou seus comandantes a usarem armas de destruição em massa em caso de ataque dos EUA.
Outra violação da resolução 1441 citada por Powell seriam os obstáculos impostos para impedir entrevistas fora do Iraque com os principais cientistas dos programas bélicos do país.
"O que estamos oferecendo a vocês são fatos e conclusões baseadas em sólidas informações de inteligência", disse o secretário.
Powell disse também que o ditador iraquiano já dispõe de dois dos três componentes necessários para produzir uma bomba atômica. Usando terminologia diplomática, ele deixou claro que foi ao CS defender a necessidade do uso da força como única forma possível de desarmar o Iraque: Ao violar a resolução 1441, "o Iraque se colocou em perigo de enfrentar sérias consequências".
Além das denúncias de que o regime iraquiano mantém seus arsenais de destruição em massa -o que é negado por Bagdá- Powell acusou o Iraque de ajudar grupos terroristas, entre eles células vinculadas à rede terrorista Al Qaeda, do foragido saudita Osama bin Laden.
Um exemplo citado por ele foi a ida a Bagdá, em junho de 2002, de Abu Musab Zarqawi, suposto militante da Al Qaeda, ferido em ataques dos EUA no Afeganistão.
Ele teria recebido tratamento médico no país, que, segundo Powell, utilizava a sua embaixada no Paquistão para fazer contatos com a cúpula da Al Qaeda.

Com agências internacionais


Próximo Texto: Powell não convence opositores da guerra
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.