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São Paulo, quinta-feira, 06 de fevereiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Discurso americano não altera posição de Paris, Moscou e Pequim, que exigem mais tempo para a inspeção da ONU

Powell não convence opositores da guerra

DA REDAÇÃO

Os principais países que os EUA tentavam persuadir ontem, com a apresentação do secretário de Estado Colin Powell ao Conselho de Segurança (CS), a apoiar uma guerra ao Iraque não alteraram o tom de suas declarações.
Rússia, China e França, membros permanentes do CS (com direito a veto), voltaram a pedir mais tempo para que os inspetores da ONU possam desarmar o ditador Saddam Hussein.
A França propôs o fortalecimento das inspeções. Sugeriu que seja triplicado o número de especialistas encarregados de buscar as armas, além do envio de um monitor de inspeções com sede permanente em Bagdá. "O uso da força só pode servir como último recurso", disse o chanceler francês, Dominique de Villepin.
De Villepin afirmou que a França avaliaria cuidadosamente os documentos apresentados por Powell, mas disse acreditar que as inspeções estejam funcionando. Por outro lado, ele admitiu que o Iraque pode cooperar mais com os inspetores para evitar a guerra. Paris lidera um bloco europeu que se opõe a um ataque e já sinalizou que poderia usar seu poder de veto contra uma resolução no CS autorizando o uso da força.
"A informação oferecida hoje pelo secretário de Estado dos EUA mostra de novo que as atividades dos inspetores internacionais no Iraque precisam continuar", declarou o chanceler russo, Igor Ivanov. "Só eles podem oferecer uma resposta à questão de até que ponto o Iraque está obedecendo às exigências do CS."
Dentre os 15 membros do CS, só EUA e Reino Unido expressaram o desejo de desarmar Saddam pela força. Bulgária e Espanha, porém, poderiam integrar a aliança militar liderada pelos americanos.
"Não devemos deixar nenhuma dúvida a Saddam sobre quão séria é sua situação. O tempo é curto", disse o chanceler britânico, Jack Straw. "Se a não-cooperação continuar, este Conselho precisa arcar com suas responsabilidades."
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse que Powell apresentou argumentos fortes, mas que a guerra não é inevitável. "A mensagem foi clara: todos querem que o Iraque coopere ativamente e, se o fizer, podemos evitar a guerra."
Dez países do Leste Europeu manifestaram apoio à posição americana . Em comunicado conjunto após o discurso de Powell, dez candidatos a entrar na Otan (aliança militar ocidental) -Estônia, Letônia, Lituânia, Bulgária, Romênia, Eslovênia, Eslováquia, Croácia, Macedônia e Albânia- disseram que a ONU precisa livrar o Iraque de suas armas.
Reunidos em Montevidéu, os chanceleres dos países do Mercosul disseram em comunicado que só o CS pode decidir se se deve ou não usar a força contra o Iraque.
A próxima data importante na crise é 14 de fevereiro, quando o chefe dos inspetores de armas, o sueco Hans Blix, e o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o egípcio Mohamed El Baradei, apresentam um novo relatório sobre as inspeções. No fim de semana, eles irão a Bagdá para concluir o documento.


Com agências internacionais


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